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Após deixar o CE, 2º voo de brasileiros deportados da era Trump chega a MG

Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira, em janeiro - Reuters
Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira, em janeiro Imagem: Reuters
Beatriz Gomes, Vitória Rodrigues e Ígor Passarini
do UOL

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Fortaleza e Belo Horizonte

07/02/2025 21h35Atualizada em 07/02/2025 23h33

O segundo voo de deportados dos EUA no governo Donald Trump pousou no Aeroporto Internacional Belo Horizonte/Confins por volta das 19h32 desta sexta-feira (7). A segunda leva de deportados pousou primeiramente no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, nesta tarde.

O que aconteceu

O voo de hoje trouxe 111 brasileiros, parte deles de Minas Gerais. Do total, 16 pessoas ficaram em Fortaleza, incluindo uma família de Belém, para se deslocarem até os seus estados. Os demais, sendo a maioria de Minas Gerais, embarcaram no avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com destino a Belo Horizonte.

Após chegar em MG, algumas pessoas vão ao interior do estado. Outras vão para cidades nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do país, segundo Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Ministra classificou como "avanço" que crianças e mulheres no voo não foram algemadas. Porém, os homens usaram o objeto no trajeto e, após o pouso em solo nacional, a agentes da Polícia Federal entraram no avião para retirar os itens. Macaé esclareceu que o Estado brasileiro tenta negociar com os EUA para diminuir o tempo que os brasileiros ficam nos voos. "Para os EUA, eles são deportados. Para nós, são repatriados. Eles estão chegando em casa", afirmou em Confins.

Em Fortaleza, os brasileiros reclamaram de maus-tratos e fome. Socorro França, da Secretária dos Direitos Humanos do Ceará, disse que os brasileiros se alimentaram somente após o desembarque no estado. Mitchelle Benevides Meira, secretária de diversidade do Ceará, contou que alguns ficaram 12 horas sem comer.

O avião com os deportados pousou em Fortaleza por volta das 16h07 desta sexta-feira. Ele partiu da cidade de Alexandria, no estado norte-americano de Louisiana, e teve uma escala técnica em Porto Rico, antes de seguir para a capital cearense.

1ª chegada de deportados do governo Trump também gerou denúncias de maus-tratos

O primeiro voo de deportados aterrissou em Belo Horizonte no dia 25 de janeiro, após fazer escala em Manaus. Na ocasião, os brasileiros denunciaram agressões de agentes norte-americanos.

Após as denúncias, o desembarque dos brasileiros passou por alteração. Como o colunista do UOL Jamil Chade divulgou, o Brasil não quer que aviões sobrevoem o território nacional com imigrantes acorrentados ou com algemas. A decisão, portanto, foi a de mudar o destino final de Belo Horizonte para Fortaleza.

A decisão foi tomada após uma reunião na terça-feira (4) entre o governo do Brasil e diplomatas americanos. O grupo de trabalho havia sido criado depois da crise que tomou conta do voo no final de janeiro. O Itamaraty, porém, queria evitar que o incidente abrisse uma polêmica política com o presidente americano.

Por anos, os diferentes governos brasileiros tentaram convencer Trump e Joe Biden a realizar o embarque dos deportados sem algemas. Os pedidos foram rejeitados.

A estimativa é de que pelo menos 30 mil brasileiros estejam aguardando deportação. O Brasil quer que essas pessoas sejam tratadas adequadamente e que o processo seja acelerado.

O que aconteceu no 1º voo

Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira - Reuters - Reuters
Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira
Imagem: Reuters

Um grupo com 88 brasileiros deportados chegou ao Brasil no primeiro voo dos EUA para o Brasil depois da posse de Trump. Durante o trajeto, houve desentendimento entre os deportados e agentes da imigração. Segundo relatos dos passageiros, agressões começaram após desentendimento devido ao calor.

Houve uma falha no ar condicionado da aeronave, que foi desviada para Manaus. Os deportados não tiveram autorização para descer durante a manutenção. Autoridades brasileiras foram avisadas e após a parada, um voo da FAB levou os deportados até Belo Horizonte.

A Polícia Federal no Amazonas apura as denúncias de agressões sofridas pelos brasileiros deportados. O UOL confirmou que agentes já colheram depoimentos de brasileiros e farão outras diligências, como análise de câmeras de segurança. Não há inquérito instaurado ainda.

A investigação será encaminhada para o departamento dos EUA responsável pela imigração. O procedimento também será compartilhado com órgãos internacionais de cooperação, em busca de mais elementos para a apuração.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz que tratamento viola o acordo firmado entre os governos. O Itamaraty informou no dia 26 de janeiro que vai cobrar esclarecimentos de autoridades americanas.

Os voos de repatriação acontecem desde 2018 para evitar que essas pessoas permaneçam em presídios dos EUA indefinidamente. Conforme o acordo, o governo brasileiro não aceita a inclusão nos voos daqueles que ainda possuem chance de revisão de sentença.

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