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Segundo voo de brasileiros deportados do governo Trump chega a Fortaleza

Beatriz Gomes, Eduarda Esteves, e Vitória Rodrigues
do UOL

Do UOL, em São Paulo, colunista do UOL, em Nova York, e colaboração para o UOL, em Fortaleza

07/02/2025 16h08Atualizada em 07/02/2025 17h23

O segundo voo de brasileiros deportados dos Estados Unidos no governo Donald Trump pousou no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, na tarde desta sexta-feira (7). O primeiro voo aterrissou em Belo Horizonte no dia 25 de janeiro, após fazer escala em Manaus, com denúncias dos brasileiros sobre agressões de agentes norte-americanos.

O que aconteceu

O voo de hoje trouxe 111 brasileiros, parte deles de Minas Gerais. O avião pousou em Fortaleza por volta das 16h07. Ele partiu da cidade de Alexandria, no estado norte-americano de Louisiana, e teve uma escala técnica em Porto Rico, antes de seguir para a capital cearense.

A PF (Polícia Federal) fará o registro da entrada dos deportados no país após o pouso. Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) já está no local para encaminhar os deportados até Belo Horizonte.

Defensoria Pública da União compareceu ao local para "garantir que não haverá nenhuma intercorrência". Leonardo Magalhães, defensor público-geral da União, explicou que a instituição prestará acolhimento humanizado e disponibilizará informações aos deportados, incluindo a regularização de documentos.

Desembarque passou por alteração. Como o colunista do UOL Jamil Chade divulgou, o Brasil não quer que aviões sobrevoem o território nacional com imigrantes acorrentados ou com algemas. A decisão, portanto, foi a de mudar o destino de Belo Horizonte para Fortaleza.

A decisão foi tomada após uma reunião na terça-feira (4) entre o governo do Brasil e diplomatas americanos. O grupo de trabalho havia sido criado depois da crise que tomou conta do voo no final de janeiro. O Itamaraty, porém, queria evitar que o incidente abrisse uma polêmica política com o presidente americano.

Por anos, os diferentes governos brasileiros tentaram convencer Trump e Joe Biden a realizar o embarque dos deportados sem a necessidade de algemas. Os pedidos foram rejeitados.

A estimativa é de que pelo menos 30 mil brasileiros estejam aguardando deportação. O objetivo do Brasil é de que essas pessoas possam ser tratadas adequadamente, mas também que o processo possa ser acelerado.

Relatos de agressões e humilhações em primeiro voo

Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira - Reuters - Reuters
Homem abraça mulher em aeroporto de Confins após deportados pousarem na capital mineira
Imagem: Reuters

Um grupo com 88 brasileiros deportados chegou ao Brasil no primeiro voo dos EUA para o Brasil depois da posse de Trump. Durante o voo, houve desentendimento entre os deportados e agentes da imigração. Segundo relatos dos passageiros, agressões começaram após desentendimento devido ao calor. Deportados não tiveram autorização para descer da aeronave durante a manutenção.

A Polícia Federal no Amazonas apura as denúncias de agressões sofridas pelos brasileiros deportados. O UOL confirmou que agentes já colheram depoimentos de brasileiros e farão outras diligências, como análise de câmeras de segurança. Não há inquérito instaurado ainda.

A investigação será encaminhada para o departamento dos EUA responsável pela imigração. O procedimento também será compartilhado com órgãos internacionais de cooperação, em busca de mais elementos para a apuração.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz que tratamento viola o acordo firmado entre os governos. O Itamaraty informou no dia 26 de janeiro que vai cobrar esclarecimentos de autoridades americanas.

Os voos de repatriação acontecem desde 2018 para evitar que essas pessoas permaneçam em presídios dos EUA indefinidamente. Conforme o acordo, o governo brasileiro não aceita a inclusão nos voos daqueles que ainda possuem chance de revisão de sentença.

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