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PF ouve parlamentares e avança em investigação sobre manobra de Lira

Arthur Lira, ex-presidente da Câmara dos Deputados, em entrevista em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress
Arthur Lira, ex-presidente da Câmara dos Deputados, em entrevista em Brasília Imagem: Gabriela Biló/Folhapress
do UOL

Do UOL, em Brasília

06/02/2025 17h32Atualizada em 06/02/2025 17h32

A Polícia Federal já ouviu dois deputados e deve ouvir mais dois parlamentares na semana que vem em investigação sobre uma manobra de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, para liberar R$ 4,2 bilhões em emendas.

O que aconteceu

Os depoimentos dos quatro parlamentares são a etapa inicial da investigação. Já depuseram à PF os deputados federais José Rocha (União Brasil-BA) e Adriana Ventura (Novo-SP). Devem ser ouvidos na próxima semana o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e o deputado Glauber Rocha (PSOL-RJ). Eles são testemunhas, ou seja, não são investigados no processo e devem dizer a verdade.

O objetivo da PF é checar suspeitas e acusações feitas por eles em discursos no plenário. Eles citaram a manobra de Lira e reportagens sobre o assunto. O episódio levou o ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), a determinar a abertura de investigação. Ele tem tomado uma série de decisões para garantir mais transparência no pagamento das emendas parlamentares.

A PF investiga suspeita de desobediência e peculato (desvio de dinheiro público). O delegado Tiago Adão Coutinho também solicitou acesso a todos os relatórios da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre emendas parlamentares produzidos por ordem de Dino. Ele quer analisar suspeitas identificadas nos documentos. Ao final dessa primeira etapa, a PF deve encaminhar a Dino as medidas adotadas e indicar os próximos passos da investigação.

Deputado José Rocha depôs por videoconferência. Ele presidiu a Comissão de Integração Nacional da Câmara em 2024 e foi o primeiro parlamentar a depor, no dia 21 de janeiro. Segundo relatou ao UOL, ele disse à PF que teria sido impedido por Lira de cumprir a determinação de Dino para indicar os responsáveis pelos gastos das verbas de emenda de sua comissão.

Ele releu duas atas de reuniões da comissão para os investigadores. "Formalizei aquilo que já vinha dizendo publicamente: o Arthur Lira impediu que eu cumprisse a determinação do ministro Flávio Dino de apresentar os nomes dos autores de todas as emendas propostas pela minha comissão", afirmou o deputado ao UOL.

Depoimentos ficam em sigilo. Adriana Ventura falou na sexta-feira passada. Já o senador Cleitinho deve depor na próxima terça-feira (11), na sede da PF em Brasília. O deputado Glauber Braga ainda não tem data definida. Os depoimentos e outras diligências do inquérito são mantidos em sigilo até o delegado apresentar o material para o STF. No caso de José Rocha, ele não ficou com cópia do depoimento.

Vou apresentar todas as informações de que disponho. Espero que Arthur Lira, que é o articulador do orçamento secreto e dessa fraude que desrespeitou a decisão do STF, seja devidamente responsabilizado.
Deputado Glauber Rocha, que depõe à PF na semana que vem

Manobra de R$ 4,2 bilhões

A manobra de Lira. Então presidente da Câmara, Lira coordenou o envio do ofício para o Executivo em que 17 líderes partidários assinaram como "padrinhos" pela indicação de todas as emendas de comissão.

Reuniões de comissões da Câmara haviam sido suspensas. Isso quer dizer que as emendas de comissão foram indicadas sem terem passado, de fato, pelos colegiados e sem nenhuma transparência.

Nome de Lira não é citado na portaria que abriu a investigação. O foco da PF é a manobra que teria desrespeitado as ordens de Dino para garantir transparência nas indicações. Como é praxe, a PF foca a investigação em fatos específicos e não em pessoas, o que não impede que Lira seja, eventualmente, investigado no caso.

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