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França organiza cúpula de IA em Paris de olho na liderança do setor na Europa

06/02/2025 08h00

Chegar à liderança do setor de Iinteligência Artificial (IA) na Europa e promover os usos concretos dessa tecnologia estão entre as ambições francesas para a cúpula organizada em Paris nos dias 10 e 11 de fevereiro. Nesta quinta-feira (6), especialistas do setor iniciam dois dias de discussões preliminares.

O programa do evento, apoiado há meses pelo presidente Emmanuel Macron, que convidou Donald Trump e o proprietário do X, Elon Musk, se estende por seis dias e deve reunir milhares de participantes.

A cúpula, presidida juntamente com a Índia, começou na Escola Politécnica de Paris com mesas-redondas sobre temas específicos. Os debates envolvem a pesquisa científica, mas também questões sobre confiança na IA e os potenciais perigos dessa tecnologia, que gera preocupações.

Após um jantar na véspera com dezenas de pesquisadores renomados, o presidente Macron se reúne hoje com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan, anunciou o Palácio do Eliseu. Anúncios importantes são aguardados.

A França tem muitas ambições nesse setor. O país quer elaborar um "mapa" da governança dessa tecnologia, promover a visão de uma IA mais "ética", "acessível" e "frugal", e defender a soberania europeia nesse campo.

As reuniões continuarão no sábado (8) e no domingo (9) com dois dias dedicados à IA na cultura, seguidos por encontros diplomáticos na próxima semana e um "business day" na terça-feira na Station F, o incubador de start-ups fundado pelo bilionário francês Xavier Niel.

Três prêmios Nobel

Enquanto a participação de uma centena de países é anunciada, a lista de representantes políticos começou a se concretizar: o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, representará os EUA. Também estarão presentes o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chanceler alemão, Olaf Scholz. O Brasil deve marcar presença com uma delegação presidida pelo chanceler Mauro Vieira.

Ainda persiste a incerteza sobre a presença do proprietário do X, Elon Musk, e do fundador da start-up chinesa DeepSeek, Liang Wenfeng, com quem a presidência francesa informou estar em "discussões".

No programa das mesas-redondas, realizadas na Escola Politécnica, sobre o tema "IA, ciência e sociedade", haverá intervenções dos franceses Yann LeCun (Meta) e Joëlle Barral (Google DeepMind), mas também de pesquisadores americanos como Michael Jordan, professor da Universidade de Berkeley, na Califórnia.

Paralelamente a esses debates, três prêmios Nobel, Geoffrey Hinton, Maria Ressa e Joseph Stiglitz, se reunirão para uma conferência organizada pela Associação Internacional para uma IA Segura e Ética, criada em 2024.

Centros de dados

Paris, que já atraiu os laboratórios de pesquisa em IA de vários gigantes da tecnologia, como Google, Meta e OpenAI, espera reafirmar seu potencial nacional nesse campo.

A escolha da Politécnica, símbolo da excelência francesa na formação científica, não é por acaso.

"A cúpula deve realmente ser um momento para posicionar Paris como a capital mundial da IA", afirmou Clara Chappaz, ministra francesa encarregada da Inteligência Artificial, a jornalistas da AFP.

Diante da ascensão da IA chinesa DeepSeek, que surpreendeu o Vale do Silício ao se igualar a seus concorrentes americanos com  um custo muito inferior, e o projeto dos EUA, que anunciaram US$ 500 bilhões em investimentos para desenvolver infraestruturas em IA, a França busca provar sua credibilidade no cenário mundial de IA com esse evento.

Paris espera anúncios de investimentos "massivos", principalmente para novos centros de dados na França.

Os assessores de Emmanuel Macron comparam a importância dessa cúpula ao encontro anunal "Choose France ("Escolha a França") que é uma vitrine anual da atratividade francesa com suas centenas de CEOs estrangeiros convidados. No ano passado, o evento atraiu € 15 bilhões em investimentos.

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