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Tarcísio: É fácil detectar problemas em projetos de Nunes para Jd. Pantanal

do UOL

Do UOL, em São Paulo

04/02/2025 13h19Atualizada em 04/02/2025 19h32

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta terça-feira (4) que todas as propostas apresentadas pela prefeitura para situação do Jardim Pantanal, na zona leste da capital, apresentam alguma falha e que não há solução rápida ou simples. O bairro está alagado há quatro dias.

O que aconteceu

Tarcísio afirmou que problema na região é complexo e "demanda muito estudo para ter a melhor solução". "Em todas elas [propostas da prefeitura] foi fácil detectar problema. Não adianta dar uma solução, porque a gente está no meio da pressão, isso não vai resolver", disse o governador em agenda pública ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Solução deve olhar questão social e de engenharia, disse o governador. Segundo Tarcísio, qualquer decisão do governo vai impactar a vida dos moradores. Ele afirmou também que as soluções são caras, mas se negou a dar um prazo para entregar obras ou projetos.

Tarcísio afirma que governo tem senso de urgência, mas tem cautela para não adotar "solução simplista" que trará "resposta errada". "Se a gente der a resposta errada, nós vamos gastar dinheiro e não vai resolver a vida de ninguém", apontou o governador. Na segunda-feira (3), ele se reuniu com Nunes e outros prefeitos de cidades paulistas atingidas pelas chuvas dos últimos dias.

Bairro está alagado há quatro dias e sofre com chuvas há décadas. O Jardim Pantanal fica em uma área de várzea do Rio Tietê. Imagens mostram os moradores andando pelas ruas tomadas pela água, enquanto socorristas usam botes para ajudar na locomoção.

As declarações de Tarcísio ocorrem um dia após o prefeito de São Paulo defender que a solução seria retirar os moradores da região. Nunes afirmou que estudava oferecer de R$ 20 mil a R$ 50 mil como incentivo a quem decidisse sair do bairro. "Pelo que eu vi, pela dimensão [do problema] e a localização [do bairro], que está há 30 anos com problemas, não vejo outra solução a não ser incentivar as pessoas a saírem daquele local."

O Plano de Redução de Riscos da prefeitura, entretanto, prevê que outras alternativas sejam avaliadas. "A Administração Pública Municipal deve buscar direcionar as intervenções de forma a atender o aspecto social das áreas de risco. Isso quer dizer que a remoção de moradias não deve ser admitida como a única solução possível, devendo avaliar outras alternativas, em especial a regularização das áreas ocupadas", diz o documento.

Plano citou Jardim Pantanal como um dos destaques da Secretaria Municipal de Habitação. Como mostrou o UOL, as ações da prefeitura no bairro são tratadas no documento como um "exemplo de aplicação exitosa do conceito de urbanismo social". O texto também cita que a área sofria com a incidência recorrente de enchentes, com o verbo no passado.

A gente precisa estruturar uma solução de engenharia que fique de pé do ponto de vista social, do ponto de vista técnico e do ponto de vista financeiro. Caso contrário, a gente vai errar. Então, qual é o prazo? Eu não sei [...] Qualquer intervenção que vier vai ser de grande porte, de grande valor, de alguns anos. Não adianta a gente criar falsas expectativas, temos que colocar a vida como ela é. É complexo, demanda recurso, mas tem vontade de resolver.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

Gestão Nunes estuda medidas

Estudos da prefeitura mostram que retirar moradores seria a medida mais cara aos cofres públicos. O custo estimado da medida é de R$ 1,92 bilhão, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira pela gestão Nunes.

Prefeitura estuda outras duas soluções, que seriam mais baratas. Uma delas seria de macrodrenagem, com construção de um dique, sete reservatórios, um parque e um canal de 5,5 km para desviar a água da chuva. A medida, já com a remoção de 484 famílias, custaria R$ 1,02 bilhão.

"Cidade-esponja". A segunda opção envolveria a construção de um canal, abertura de lagoas de acumulação de águas, reversão do fluxo do Tietê e desapropriações. O conjunto de medidas chamado de ações "Cidade-Esponja Pantanal" teria custo total de R$ 1 bilhão, não necessitaria de remoção de famílias e seria dividida com a cidade de Guarulhos.

Após falar em retirada de famílias, Nunes afirmou hoje que não há solução definida para o Jardim Pantanal. Ele pontuou, no entanto, que as obras no local seriam complexas e demoradas. O prefeito disse ainda que é necessário pensar no bom uso do recurso público, ao mencionar a falta de certeza sobre a efetividade de intervenções na região para resolver o problema.

Eu acho que é uma obra muito complexa, vai demorar muitos anos. Não está nada acertado, mas a impressão é assim preliminar. Vai demorar muito. E falar sobre esse olhar ambiental também. Construir em cima do local aonde a água se acomoda. Vai ficar brigando com a natureza? A água tem que ir para algum local Prefeito Ricardo Nunes

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