Ibovespa fecha em queda com exportadoras; bancos são contrapeso
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, perdendo o patamar dos 125 mil pontos no pior momento, com Petrobras e exportadoras entre as maiores pressões negativas, enquanto bancos serviram como contrapeso.
Investidores continuaram acompanhando desdobramentos relacionados ao anúncio de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, mas, no Brasil, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central também ocupou as atenções.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,65%, a 125.147,42 pontos, fechando com sinal negativo pelo terceiro pregão consecutivo. No dia, chegou a 125.964,36 pontos na máxima e a 124.694,19 pontos na mínima.
O volume financeiro no pregão somou 19,80 bilhões de reais.
Na ata da reunião da semana passada, quando elevou a Selic para 13,25%, o BC citou a desancoragem das expectativas de inflação e o grau de sobreaquecimento da economia entre os riscos relevantes para o debate de política monetária.
Também afirmou que há um risco à alta da inflação relativo à condução de políticas econômicas interna e externa, com impacto primordial por meio da taxa de câmbio.
"A ata... busca passar um tom mais duro do que a leitura dovish do comunicado feita por parte majoritária do mercado", avaliou o estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, em relatório enviado a clientes.
Após a ata, "fica claro que o cenário de inflação ficou mais incerto para o Copom, o que referenda o modo 'data dependent' e a decisão de deixar em aberto os passos posteriores a março e a magnitude total do ciclo de aperto monetário", acrescentou.
No exterior, reflexos da nova política comercial nos EUA sob Donald Trump continuaram sob os holofotes, com a China retaliando com uma ampla gama de medidas visando empresas norte-americanas e tarifas sobre produtos dos EUA.
Os EUA também anunciaram no fim de semana a aplicação de tarifas contra México e Canadá. Mas, na véspera, ambos chegaram a um acordo com o governo norte-americano, que suspendeu por um mês as medidas que entrariam em vigor nesta terça-feira.
A paralisação das tarifas sobre produtos mexicanos e canadenses trouxe algum alívio, mas a percepção no mercado é de que a volatilidade tende a permanecer elevada, uma vez que persistem incertezas sobre o desfecho das negociações.
Na visão de William Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos, os acordos com México e Canadá repercutiram bem, mas o mercado continua cauteloso com os riscos ainda existentes de uma guerra tarifária.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN recuou 0,99%, apesar da melhora dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em alta de 0,32%. A estatal também divulgou na véspera queda de 10,5% na sua produção total de petróleo e gás no quarto trimestre ano a ano, para 2,63 milhões de barris de óleo equivalente ao dia.
- SUZANO ON cedeu 4,05% e KLABIN UNIT perdeu 3,68%, acompanhando o movimento de queda do dólar ante o real. Na noite da véspera, a Klabin ainda afirmou que realizou o fechamento do Projeto Plateau com uma Timber Investment Management Organization (TIMO), aportando uma primeira parcela de 800 milhões de reais.
- BRF ON caiu 3,53% e JBS ON recuou 3,79%, também tendo como pano de fundo o movimento da taxa de câmbio. Analistas do Bank of America afirmaram que as companhias do setor ainda devem apresentar números sólidos no quarto trimestre, mas que os resultados podem ter alcançando um pico no terceiro trimestre, principalmente no segmento de aves.
- VALE ON cedeu 0,35%, em mais uma sessão sem a referência dos futuros do minério de ferro na China por feriado naquele país. Os negócios em Dalian reabrem na quarta-feira. Assim, agentes seguem acompanhando a escalada no protecionismo comercial envolvendo as duas maiores economias do mundo.
- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,36% em véspera de divulgação do balanço do quarto trimestre, com analistas atentos principalmente às sinalizações do maior banco do país em ativos para 2025. SANTANDER BRASIL UNIT, que também traz seus números na quarta-feira, caiu 1,28%. BRADESCO PN perdeu 0,2% e BANCO DO BRASIL ON ganhou 0,58%.
- WEG ON avançou 0,3%, experimentando uma trégua após dois dias seguidos de quedas, quando acumulou uma perda de 4,4%. Investidores tem avaliado eventuais reflexos para a companhia das tarifas anunciadas pelos EUA para o México, onde a WEG tem operação. Analistas veem a empresa estrategicamente posicionada para mitigar o impacto de tarifas mais altas.
- BRASKEM PNA valorizou-se 3,89%, também buscando uma recuperação, após cinco fechamentos negativos, período em que contabilizou um declínio de quase 12%. A Fitch Ratings afirmou nesta terça-feira que o aumento na provisão da petroquímica relacionada ao afundamento de solo em Maceió não deve impactar os indicadores da empresa, incluindo liquidez.