Coreia do Sul, que já tem uma das maiores cargas horárias do mundo, quer aumentar tempo de trabalho
O governo da Coreia do Sul apresentou um projeto de lei que visa aumentar a carga horária em alguns setores no país. Atualmente, os sul-coreanos trabalham 52 horas por semana, mas as autoridades querem mudar as regras em nome da produtividade. A Coreia do Sul já é um dos países com a maior carga horária profissional no mundo.
Com informações de Célio Fioretti, correspondente da RFI em Seul, e agências
Os membros do governo e os parlamentares do partido presidencial pediram uma votação antes do final de fevereiro sobre um projeto de lei para permitir que as empresas do setor de semicondutores excedam o limite legal de tempo de trabalho, que já é de 52 horas. A reforma foi solicitada por executivos da Samsung, cujo negócio principal é a produção desses semicondutores, e que registrou um declínio nos resultados em 2024. De acordo com a empresa, o aumento da carga horária seria a solução para melhorar a produtividade e permanecer competitiva diante de seus concorrentes chineses e taiwaneses.
Em termos práticos, esses funcionários não seriam obrigados a cumprir as disposições legais sobre o número máximo de horas de trabalho, ultrapassando as 52 horas semanais, se necessário. "Isso criaria um ambiente em que os melhores talentos poderiam trabalhar livremente, sem serem limitados por restrições, ao mesmo tempo em que receberiam uma compensação adequada por seus esforços", declarou no ano passado à imprensa local Koh Dong-jin, ex-presidente da Samsung e membro do Partido do poder popular (PPP).
A reforma, que conta com o apoio das elites financeiras, é criticada pelos sindicatos e pelos funcionários da Samsung. Para os empregados, os resultados ruins da empresa não se devem às horas de trabalho, mas à má administração. Como argumento, eles usam o exemplo da SK Hynix, outro peso-pesado coreano do setor, que registrou um recorde de vendas no mesmo ano, cumprindo a semana de trabalho legal.
O setor de semicondutores é fundamental para a Coreia do Sul, responsável por cerca de 20% de sua atividade industrial. No entanto, o projeto de reforma encontra resistência, com alguns especialistas temendo que a medida tenha um impacto negativo em uma população que já estaria estressada e sobrecarregada.