Tarifas dos EUA sobre México são suspensas por um mês após acordo de fronteira
Por Daphne Psaledakis, David Lawder e Bart H. Meijer
WASHINGTON/BRUXELAS, 3 Fev (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira que suspendeu novas tarifas sobre o México por um mês depois que o México concordou em reforçar sua fronteira norte com 10.000 membros da Guarda Nacional para conter o fluxo de drogas ilegais, particularmente o fentanil.
O acordo também inclui o compromisso dos EUA de agir para impedir o tráfico de armas de alta potência para o México, disse a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum. Os dois líderes conversaram por telefone nesta segunda-feira, poucas horas antes da entrada em vigor das tarifas dos EUA sobre México, China e Canadá.
Os dois países usarão a suspensão de um mês para se engajar em novas negociações, afirmou Trump.
"Estou ansioso para participar dessas negociações com a presidente Sheinbaum, enquanto tentamos chegar a um 'acordo' entre nossos dois países", escreveu ele no Truth Social.
"Temos este mês para trabalhar e convencer um ao outro de que este é o melhor caminho a seguir", disse Sheinbaum em uma entrevista coletiva.
As bolsas dos EUA, que caíram acentuadamente na manhã de segunda-feira devido a temores de uma guerra comercial mais profunda, reduziram suas perdas após o anúncio.
A declaração surpresa também aliviou parte da pressão sobre o peso mexicano.
Trump disse na segunda-feira que havia conversado com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e que o faria novamente nesta tarde. As tarifas sobre o Canadá e a China continuavam prontas para entrar em vigor na terça-feira, e o Canadá anunciou tarifas retaliatórias.
Uma autoridade canadense sênior afirmou a um repórter do New York Times que Ottawa não está otimista quanto a um adiamento semelhante, disse o repórter no X.
Em discurso em Washington no domingo, após retornar de sua propriedade em Mar-a-Lago, Trump indicou que a União Europeia, composta por 27 países, seria a próxima a ser atingida, mas não disse quando.
"Eles não levam nossos carros, não levam nossos produtos agrícolas. Eles não levam quase nada e nós levamos tudo deles", declarou ele aos repórteres.
Os líderes da UE reunidos em uma cúpula informal em Bruxelas na segunda-feira disseram que a Europa estaria preparada para revidar se os EUA impusessem tarifas, mas também pediram razão e negociação.
Ao chegar às negociações, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que, se a UE for atacada em seus interesses comerciais, terá que "se fazer respeitar e, portanto, reagir".
O chanceler Olaf Scholz, da Alemanha, afirmou que o bloco poderia responder, se necessário, com suas próprias tarifas contra os EUA, mas ressaltou que era melhor para os dois chegarem a um acordo sobre o comércio.
Trump deu a entender que o Reino Unido, que deixou a UE em 2020, poderia ser poupado das tarifas, dizendo: "Acho que isso pode ser resolvido".
Os EUA são o maior parceiro comercial e de investimentos da UE. De acordo com os dados do Eurostat de 2023, os Estados Unidos tiveram um déficit de 155,8 bilhões de euros com a UE no comércio de mercadorias, compensado por um superávit de 104 bilhões de euros em serviços.
A chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, disse que não há vencedores em uma guerra comercial e que, se houver uma guerra entre a Europa e os Estados Unidos, "quem vai rir é a China".
Os economistas dizem que o plano do presidente republicano de impor tarifas de 25% sobre o Canadá e o México e tarifas de 10% sobre a China desaceleraria o crescimento global e aumentaria os preços para os norte-americanos.
Trump diz que elas são necessárias para conter a imigração e o tráfico de narcóticos e estimular as indústrias domésticas.