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França e Índia organizam em Paris grande evento de IA; ChatGPT anuncia nova ferramenta

03/02/2025 15h54

A França vai sediar um grande evento de inteligência artificial nesta semana, em parceria com a Índia, para tentar unir forças diante dos grandes investimentos dos EUA e do desafio do mais recente chatbot da China, o DeepSeek. Para enfrentar a concorrência chinesa, o líder mundial em AI, o OpenAI, lançou nesta segunda-feira (3), uma nova ferramenta do ChatGPT.

Mais de 80 países foram convidados para os seminários científicos e de negócios em Paris, que começam na quinta-feira e culminarão em uma cúpula diplomática nos dias 10 e 11 de fevereiro.

Embora organizada ao lado de uma potência emergente, a cúpula é, no fundo, uma tentativa de provocar uma "reação europeia" a "essa revolução", explicou uma declaração da presidência francesa.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, seu colega da empresa rival Anthropic, Dario Amodei, bem como o chefe da start-up francesa MistralAI, Arthur Mensch, estão entre os convidados.

Também devem participar Demis Hassabis, ganhador do Prêmio Nobel de Química que dirige a DeepMind, subsidiária de inteligência artificial do Google, e Daron Acemoglu, ganhador do Nobel de Economia, além de líderes da startup alemã de IA Aleph Alpha, Accenture, Mozilla e Signal.

No âmbito diplomático, espera-se a presença de representantes de "altíssimo nível" dos EUA e da China, de acordo com a presidência francesa. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, bem como o chanceler alemão, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmaram presença.

Ondas de choque no setor

Recém-empossado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um acordo com os principais participantes de IA do país, bem como com os principais investidores, para financiar um gigantesco investimento de US$ 500 bilhões, com o objetivo de desenvolver centros de processamento de big data e IA generativa ainda mais avançada.

Mas a China sacudiu o setor dias depois com o DeepSeek, uma IA generativa que é muito mais barata do que suas rivais americanas. O chatbot, capaz de superar o OpenAI em alguns cálculos, causou um terremoto nos mercados de ações e a queda de ações sólidas de tecnologia.

O DeepSeek foi criado por um prodígio da tecnologia e das finanças, Liang Wenfeng, e, de acordo com observadores, pode transformar radicalmente o setor.

Uma parceria público-privada

O objetivo da França com essa cúpula é promover uma parceria do Estado com a iniciativa privada e mostrar ao público, que poderá participar da maioria dos eventos, "os usos positivos da IA em todos os setores", nas palavras da ministra responsável pelos assuntos digitais, Clara Chappaz.

A França espera que uma fundação internacional com um capital inicial de € 2,5 bilhões (quase R$ 15 bilhões) em cinco anos seja anunciada no final da cúpula, em 11 de fevereiro.

Será "uma parceria público-privada entre diferentes governos, empresas e fundações filantrópicas", que deverá ter sede em Paris, para fornecer ferramentas de código aberto, como blocos de software e bancos de dados, "para todos aqueles que desejarem construir seu próprio sistema de IA", detalhou o Eliseu.

ChatGPT reage

O líder mundial em inteligência artificial (IA), OpenAI, lançou nesta segunda-feira (3) seu "deep research", nova ferramenta do ChatGPT, em um evento organizado com seu parceiro japonês SoftBank em Tóquio.

A americana OpenAI, cuja ferramenta de conversas marcou o surgimento da IA generativa para o público em geral no final de 2022, disse que a nova ferramenta "consegue em alguns minutos o que um ser humano levaria muitas horas".

"'Deep Research' é o próximo agente da OpenAI que pode trabalhar para você de forma independente. Você dá um comando e o ChatGPT pesquisa, analisa e sintetiza centenas de fontes on-line para produzir um relatório completo a nível de um analista de pesquisa", afirmou o comunicado da OpenAI.

Sam Altman, diretor da OpenAI, demonstrou entusiasmo no palco de um fórum empresarial em Tóquio. "É um marco incrível", disse ele.

Altman deve se reunir com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, junto com Masayoshi Son, presidente do grupo SoftBank, gigante japonesa que investe no setor de tecnologia.

Son e Altman fizeram uma parceria no projeto "Startgate", que envolve investimentos de pelo menos US$ 500 bilhões (R$ 2,91 trilhões) em infraestrutura de IA nos Estados Unidos, revelada recentemente pelo presidente americano Donald Trump.

Concorrência no setor

 Em uma entrevista ao jornal japonês Nikkei, Altman disse que a China está "alcançando significativamente" as empresas de tecnologia de IA sediadas nos EUA.

Também disse que o DeepSeek é "um bom modelo" e um sinal de que há uma concorrência séria no setor, mas que seu "nível de capacidade não é novo".

Na semana passada, a OpenAI alertou que empresas chinesas estavam tentando replicar seus modelos avançados de IA. "Se governos autoritários fizerem mau uso da IA para consolidar seu poder, seria algo ruim", declarou Altman no jornal Nikkei.

De qualquer forma, o americano disse que "no momento" não há "nenhuma intenção" de processar a DeepSeek. "Simplesmente, vamos continuar a fabricar ótimos produtos, sendo líderes mundiais" no setor, disse Altman a jornalistas no fórum.

Bola de "Cristal"

Além disso, a SoftBank e a OpenAI aproveitaram a presença de cerca de 500 empresas japonesas no fórum para anunciar uma parceria com objetivo de oferecer IA avançada para o setor.

"Um protocolo de acordo acaba de ser assinado oficialmente entre a SoftBank e a OpenAI para criar uma parceria empresarial em partes iguais", disse Masayoshi Son ao apresentar o projeto "Cristal".

Com uma bola de cristal roxa na mão, Son disse que "Cristal" usará IA para fornecer suporte personalizado às empresas, analisando dados, relatórios, e-mails e reuniões em tempo real.

Em uma declaração conjunta, a Softbank anunciou que investirá "US$ 3 bilhões por ano (R$ 17 bilhões) para implementar soluções OpenAI em suas empresas do grupo".

A parceria empresarial servirá como um "trampolim para introduzir agentes de IA adaptados às necessidades específicas das empresas japonesas, estabilizando um modelo [que poderá ser] adotado a nível mundial", disse o comunicado.

(com AFP)

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