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Brasileiros deportados dizem que foram agredidos por agentes dos EUA em voo

Pedro Vilas Boas, Beatriz Gomes e Ígor Passarini
do UOL

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Confins

25/01/2025 22h04Atualizada em 26/01/2025 10h02

Brasileiros deportados dos EUA, que desembarcaram no Aeroporto de Confins neste sábado (25), afirmam que foram agredidos por agentes norte-americanos durante voo.

O que aconteceu

Carlos Vinícius Jesus, 29, disse que os agentes queriam matá-los. "Nós que nos rebelamos contra eles, porque eles iriam nos matar. O avião parou três vezes, lá em Luisiana, no Panamá e Manaus. Nós que paramos o avião, senão ia cair tudo", afirmou à imprensa em Confins.

Ele ficou oito meses preso nos EUA por tentar entrar no país pelo México. "Fui ganhar a vida, mas a vida aqui tá difícil e a gente trabalha, trabalha e trabalha. Mas é melhor aqui do que lá sofrendo", disse.

25.jan.2025 - Carlos Vinícius Jesus - Ígor Passarini/UOL - Ígor Passarini/UOL
25.jan.2025 - Carlos Vinícius Jesus
Imagem: Ígor Passarini/UOL

Vitor Gustavo da Silva, 21, afirmou que eles foram agredidos por causa do calor. O ar-condicionado da aeronave apresentou um problema técnico. "Eles bateram na gente porque a gente tava com calor e a gente não queria ficar preso no avião mais".

O voo foi interrompido em Manaus, na noite de sexta-feira (24), após a falha no ar-condicionado. Neste sábado, os deportados decolaram em uma aeronave da FAB em direção a Confins.

25.jan.2025 - Vitor Gustavo da Silva - Ígor Passarini/UOL - Ígor Passarini/UOL
25.jan.2025 - Vitor Gustavo da Silva
Imagem: Ígor Passarini/UOL

Sandra Souza, 36, definiu o voo de volta como um "inferno". "Foi um inferno, uma tortura. Desde que a gente saiu de Luisiana, deu para perceber que o avião estava com algum problema. Mesmo assim, eles forçaram. Acho que foi uma falta de compromisso deles", disse a jornalistas.

25.jan.2025 - Sandra Souza, 36, foi uma das brasileiras deportadas dos EUA - Ígor Passarini/UOL - Ígor Passarini/UOL
25.jan.2025 - Sandra Souza, 36, foi uma das brasileiras deportadas dos EUA
Imagem: Ígor Passarini/UOL

Deportados mostraram fotos apresentadas para reforçar a denúncia de agressão física. As imagens recebidas pelo UOL mostram lesões nas mãos, braços, peito e costas.

A deportação desses brasileiros já estava prevista desde o governo Joe Biden, informou o Itamaraty ao UOL. Segundo a pasta, isso é fruto de um acordo firmado em 2018, durante o primeiro governo Trump, que se estendeu nos anos seguintes com uma série de deportações.

Problema técnico e algemas

Os deportados dos EUA, entre eles 88 brasileiros, que dormiram de forma improvisada em Manaus pousaram em Confins neste sábado. Eles são as primeiras pessoas deportadas para o país após a posse do presidente americano Donald Trump.

Eles chegaram na capital amazonense algemados e com os pés acorrentados após o ar-condicionado do avião falhar. O grupo aparece em um vídeo na pista de pouso deixando a aeronave com as algemas. Eles andam com dificuldade com os pés acorrentados. Em outro momento da gravação, os deportados estão em uma sala de espera deitados em colchões e comendo.

Neste sábado, o governo Lula falou em "desrespeito aos direitos fundamentais". Policiais federais determinaram a remoção imediata das algemas e recepcionaram as pessoas deportadas. O presidente, então, determinou envio de um avião da FAB para levar os brasileiros até Confins.

O Itamaraty irá se queixar ao governo Trump pelo tratamento dado aos imigrantes brasileiros em um voo de deportação. A decisão foi tomada depois que o chanceler Mauro Vieira desembarcou em Manaus e conversou com autoridades militares brasileiras para entender os detalhes do que havia ocorrido.

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, definiu como "muito graves" as denúncias dos brasileiros. Ela ressaltou que a aeronave transportava famílias e crianças com autismo.

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