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Artista morreu após ser arrastado por carro durante chuva em São Paulo

do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/01/2025 20h17Atualizada em 25/01/2025 21h22

O artista plástico Rodolpho Tamanini Netto, 73, morreu após ser arrastado por um carro que invadiu a casa dele, no bairro Vila Madalena, durante a forte chuva que atingiu São Paulo no final da tarde de sexta-feira (24).

O que aconteceu

Trabalhadores de uma obra ao lado da casa, na rua Belmiro Braga, assistiram ao incidente e contaram à família na manhã seguinte. Segundo Carlos Medina, sobrinho de Rodolpho, com a força da água, o carro derrubou o portão e arrastou o artista até o fundo da casa.

Ele morava no segundo andar do imóvel, mas desceu quando a água estava prestes a derrubar o portão. "A gente tinha conversado com ele para que, no caso de acontecer algo assim, ele não descer. Mas, por algum motivo, passou pela cabeça dele descer. Talvez, para ver o que estava acontecendo, falar com algum vizinho, não sei", disse Carlos ao UOL.

Os trabalhadores da obra tentaram entrar na casa para ajudar, mas o nível da água estava muito alto. Eles só conseguiram acessar o imóvel na manhã do dia seguinte, assim como a família. "Eu era o parente mais próximo dele. Cuidava dele no dia a dia, levava ao médico, ajudava com as compras, contas. Ele nunca casou ou teve filhos. Eu era o suporte dele diariamente", lembra o sobrinho.

Rodolpho Tamanini Netto - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Rodolpho Tamanini Netto
Imagem: Arquivo pessoal

Rodolpho morava na mesma casa desde que nasceu, localizada próximo ao Beco do Batman, famoso ponto turístico da capital. O artista morava no segundo andar do imóvel, onde também funcionava o ateliê dele, enquanto o primeiro andar pertencia a uma prima, que não estava no local no momento do incidente.

Arte dedicada a São Paulo

Como o corpo de Rodolpho foi encontrado na manhã seguinte, a certidão de óbito registra 25 de janeiro de 2025 como a data da morte. Mesma data em que São Paulo, cidade homenageada por ele em suas obras, completa 471 anos.

Obra "Vila Madalena", de Rodolpho Tamanini Netto - Divulgação - Divulgação
Obra "Vila Madalena", de Rodolpho Tamanini Netto
Imagem: Divulgação

"Ele viveu da arte, respirava a arte e São Paulo", disse Carlos Medina. "É o tanto quanto irônico ele ter essa data registrada na certidão de óbito", observou.

Jacques Ardies, galerista e amigo de Rodolpho, o definiu como um "pintor urbano". "Ele gostava de destacar o céu, representar um ambiente. Ele se dedicou a mostrar a beleza de São Paulo", afirmou ao UOL.

O francês foi o primeiro galerista a expor obras de Rodolpho, ainda na década de 1970. Em novembro do ano passado, no aniversário de Rodolpho, a galeria, localizada na Vila Mariana, promoveu a exposição dele chamada "São Paulo, meu amor!". "Você via uma obra do Rodolpho, você sabia que era dele. Essa linguagem pessoal é essencial a meu ver. Ele era um artista observador", analisou o amigo.

Carlos disse que, futuramente, pretende conversar com o galerista para reunir e expor as obras do tio. "Fazer como um grande legado. Uma homenagem linda".

Chuva causou estragos na capital

O Beco do Batman, virou "rio" por causa da tempestade que castigou a capital paulista. Vídeos feitos por moradores mostram o local tomado pela água, que formou uma espécie de correnteza.

Temporal desta sexta foi o terceiro maior da história na cidade. Os números são do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e levam em conta a série histórica do órgão, iniciada em 1961. Considerando os 82 mm que caíram das 15h às 16h, este foi o maior volume da história já registrado para o período de uma hora.

Pela primeira vez, a Defesa Civil enviou "alerta severo" para celulares na cidade. Todos os celulares com tecnologia 5G ou 4G receberam os alertas, segundo o órgão. Em todo o estado, esta foi a 19ª vez que os alertas foram enviados.

Chuva causou grandes alagamentos e transtornos. O temporal inundou ruas e a estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna, da linha 1-Azul do metrô, enquanto quase 140 mil residências ficaram sem fornecimento de energia na capital. Parte do teto do shopping Center Norte também desabou.

Apesar dos transtornos, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que a cidade é "muito preparada" para chuvas. A jornalistas neste sábado ele afirmou que a prefeitura deu "resposta muito rápida" para os transtornos causados pelo temporal e que a cidade voltou ao normal mais rápido do que em tempestades anteriores.

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