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Mudança em sistema de validade de alimentos não é sugestão do governo

24.jan.2025 - A proposta foi apresentada ao governo por associações da indústria de alimentos e de supermercados; o governo descartou adotar a medida - Arte/UOL sobre Reprodução Instagram
24.jan.2025 - A proposta foi apresentada ao governo por associações da indústria de alimentos e de supermercados; o governo descartou adotar a medida Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Instagram
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Do UOL, no Rio

24/01/2025 17h49

Não foi sugestão do governo federal a alteração na apresentação dos prazos de validade dos alimentos, como afirmam posts nas redes sociais. A proposta foi sugerida por associações da indústria de alimentos e de supermercados.

A ideia seria mudar como a informação é apresentada na embalagem. As entidades sugerem que, ao invés de informar só a data-limite, seja colocado a frase "melhor consumir antes de" e a indicação de data. O sistema é usado nos EUA e no Canadá.

O pedido de checagem foi enviado ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049 .

O que diz o post

Publicações comparam um discurso em que Lula diz que as famílias vão voltar a se reunir no domingo para comer picanha com gordura, farofa e cerveja gelada e o recorte de um trecho de notícia veiculada na GloboNews sobre a proposta de alteração no sistema de validade dos alimentos.

O post é acompanhado de legendas sobrepostas que dizem o seguinte: "na campanha: pobre vai comer picanha" e "no governo: pobre vai comer comida vencida".

Por que é falso

A medida não foi sugerida ou adotada pelo governo federal. A proposta na mudança do sistema de prazos de validade de alimentos foi apresentada ao governo pela Associação Brasileira de Supermercados (confira aqui) e pela Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos) (aqui).

Em 2021, a Abia observou que o fim do prazo - adotado pelo sistema atual - não significa que o alimento não esteja mais adequado e seguro ao consumo (aqui). "No Brasil, se passou da data limite, o alimento não pode mais ser comercializado nem consumido, o que pode fazer com que muita comida, ainda em condições adequadas e seguras para o consumo, vá para o lixo", disse em 2021 o presidente executivo da Abia, João Dornellas.

"Best Before". Segundo a proposta, em vez da indicação de uma data-limite para o consumo, o novo sistema seria uma indicação de "melhor consumir antes de...". Este tipo de recomendação, conhecido como "best before" (melhor antes, em tradução livre) é adotado nos EUA e no Canadá. A justificativa das associações é o combate à inflação dos alimentos e a redução no desperdício.

Marcação seria usada em alguns alimentos A nova regra valeria apenas para produtos estáveis em temperatura ambiente, e que tenham baixa atividade de água (como grãos e alimentos desidratados), passem por processo de esterilização e sejam embalados a vácuo. Essas informações constam na matéria da GloboNews usada no post, mas foram omitidas. Confira a íntegra abaixo:

Proposta foi feita em 2021. A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos propôs a alteração do conceito de data de validade para alimentos não perecíveis em 2021, como noticiou o UOL. Na ocasião, a sugestão foi apresentada no Fórum Nacional da Cadeia de Abastecimento, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados.

Consumidor analisaria condições do alimento após o "Best Before". A ideia é que, após esse período do "Best Before", o cliente descubra se o produto ainda está adequado ao consumo conferindo, ele mesmo, cheiro, aspecto e gosto.

O governo descartou mudar o sistema de prazo de validade. Após reunião nesta sexta (24), a proposta apresentada pelas associações foi desconsiderada. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, já havia se manifestado ontem (23) dizendo que o governo não tinha intenção de adotar a medida. Na quarta-feira (22), em entrevista à CNN Brasil (aqui), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que não via a possibilidade de a medida ser adotada. "Para alimentos, para uso pessoal, acho que não faz parte da nossa cultura isso, e não está no cenário adotar essa medida", afirmou.

Viralização. No Instagram, um post com o conteúdo desinformativo registrava mais de 8.000 curtidas.

Este conteúdo também foi verificado por Aos Fatos e Estadão Verifica.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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