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Filme é indicado ao Oscar 54 anos depois do assassinato de Rubens Paiva

Eunice Paiva e Rubens Paiva - Reprodução/Instituto Vladimir Herzog
Eunice Paiva e Rubens Paiva Imagem: Reprodução/Instituto Vladimir Herzog
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/01/2025 14h09

A indicação ao Oscar de "Ainda Estou Aqui" nesta quinta-feira (23) acontece dois dias após o 54º aniversário da data estimada pela CNV (Comissão Nacional da Verdade) para o assassinato de Rubens Paiva pela ditadura — 21 de janeiro de 1971. Filme retrata a luta de Eunice Paiva, esposa de Paiva, por justiça.

O que aconteceu

Luta de Eunice se estendeu por 25 anos. A mulher do ex-deputado federal pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileira) atuou pelo reconhecimento do desaparecimento de seu marido nos porões da ditadura. Em 20 de janeiro de 1971, Paiva foi buscado em casa para um depoimento e nunca mais voltou.

Ex-deputado foi inicialmente levado para quartel da 3ª Zona Aérea, ao lado do aeroporto Santos Dumont, segundo CNV. Ainda de acordo com o relatório produzido pelo grupo, seis agentes conduziram Paiva em seu próprio carro — um Opel Kadett — ao local, onde ele foi alvo das primeiras sessões de tortura.

Após instalação da FAB, Paiva foi levado para área do Exército. Documentos apreendidos em 2012 com o coronel Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do DOI (Destacamento de Operações de Informações) do I Exército, revelaram a entrada de Paiva em 20 de janeiro de 1971 no quartel onde morreria no dia seguinte.

Após desaparecimento, Eunice iniciou mobilização. Ela e a filha Eliane chegaram a ser levadas ao DOI em janeiro de 1971. Apesar de não ter estado com o marido, Eunice viu o carro de Rubens Paiva estacionado no quartel. Liberada em 2 de fevereiro, ela deu início à luta pelo reconhecimento do crime cometido pela ditadura.

Restos mortais nunca foram localizados. Em 1986, uma denúncia anônima chegou a indicar a localização de uma ossada que pertenceria a Paiva. Após análise, um laudo indicou que se tratava de restos de um animal. Mas a família de Paiva acredita em pressão por parte dos militares para que o caso não fosse solucionado.

Permanece, no caso, a responsabilidade do Estado em identificar os restos mortais de Rubens Paiva, devolvê-los à família e esclarecer as circunstâncias de sua morte
Comissão Nacional da Verdade, em relatório produzido em 2012

Atestado de óbito de Rubens Paiva foi emitido em 1996. "É uma sensação esquisita sentir-se aliviada", disse Eunice à Folha de S.Paulo à época. O caso é um exemplo de desaparecimento forçado, tipo de situação na qual uma pessoa some de forma permanente e não tem seus restos mortais localizados.

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