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Davos: Trump diz a líderes da economia global para produzirem na América para evitar sobretaxas

23/01/2025 15h57

O discurso por videoconferência do presidente dos EUA, Donald Trump, foi o destaque desta quinta-feira (23) no Fórum Econômico Mundial de Davos. O republicano pediu aos líderes empresariais que "produzam na América" ????ou então "terão que pagar tarifas" para vender nos Estados Unidos. A participação de Trump, direto de Washington, era muito aguardada no evento que reúne a elite econômica mundial na Suíça, após ele ter assinado vários decretos e feito ameaças, desde o seu retorno à Casa Branca.

"Minha mensagem para todas as empresas do mundo é simples: venham fabricar seus produtos na América e vocês aproveitarão alguns dos impostos mais baixos do mundo. Mas se vocês não os fabricarem nos Estados Unidos, o que é um direito seu, terão de pagar taxas alfandegárias", explicou Trump, em discurso online.

O presidente norte-americano reiterou na segunda-feira (20), ao regressar à Casa Branca, a sua intenção de impor direitos aduaneiros a alguns dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, à China e também ao Canadá e ao México, que teoricamente estão protegidos pelo acordo de livre comércio entre os três países da América do Norte (USMCA, na sigla em inglês).

Em seu discurso, Trump ainda se dirigiu à Arábia Saudita e aos países da OPEP. "Vou pedir à Arábia Saudita e à OPEP para baixarem o custo do petróleo, e estou surpreso de que eles não o fizeram antes da eleição. Se o preço fosse menor, a guerra na Ucrânia terminaria imediatamente", insistiu.

Preço do barril de petróleo cai após fala do republicano

As declarações do presidente americano influenciaram no preço do barril de petróleo. Por volta das 16h45 GMT, o preço do Brent do Mar do Norte para entrega em março caiu 0,91%, para US$ 78,30. Seu equivalente americano, o barril de West Texas Intermediate, para entrega no mesmo mês, caiu 1,07%, para US$ 74,65.

Donald Trump também aumentou a pressão sobre o presidente do Federal Reserve (Fed) dos EUA, dizendo que as taxas de juros deveriam ser reduzidas "imediatamente". "Com os preços do petróleo caindo, eu exijo que as taxas de juros caiam imediatamente e, da mesma forma, elas devem cair em todo mundo. As taxas de juros devem nos seguir em todo o lugar", insistiu.

O discurso do presidente dos EUA durou cerca de 45 minutos e incluiu uma sessão de perguntas e respostas com altos executivos. Entre eles, o francês Patrick Pouyanné, CEO da gigante petrolífera TotalEnergies, Ana Botín, presidente do banco espanhol Santander, Stephen Schwarzman, CEO do fundo de investimento americano Blackstone, e Brian Moynihan, CEO do Bank of America.

Donald Trump respondeu a perguntas de alguns dos maiores nomes das finanças e energia. Ao ameaçar os seus principais parceiros comerciais com aumento de tarifas e protecionismo crescente, o defensor do slogan "América em primeiro lugar" se distancia das práticas do multilateralismo e do livre comércio defendidos pelo Fórum Econômico Mundial. 

Donald Trump, que é empresário, administra a América como se fosse um negócio e quer "a melhor vantagem para a América, seja como for", analisa Julie Teigland, sócia da EY consultoria financeira. "Ele sabe que precisa de parceiros de negócios para fazer isso", completa. 

O republicano ainda aproveitou a oportunidade para destacar que os Estados Unidos agora só reconhecem dois gêneros, garantindo que a decisão reduziria o número de cirurgias de transição. "Tornei oficial, é política oficial dos Estados Unidos, que existem apenas dois gêneros, masculino e feminino". Ainda de acordo com Trump, "nenhum homem poderá participar de competições esportivas femininas e as operações de transição de gênero, que entraram na moda, se tornarão muito raras", disse ele.

Milei elogia Trump e Musk

Antes, o presidente ultraliberal argentino Javier Milei, um dos aliados próximos de Trump, disse em Davos que seu país estava "abraçando a ideia de liberdade novamente". "É isso que acredito que o presidente Trump fará nesta nova América", comparou.

Milei elogiou líderes com ideias semelhantes, citando, além de Trump, a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban e o presidente salvadorenho, Nayib Bukele: "Lentamente, formou-se uma aliança internacional de todas as nações que querem ser livres e que acreditam nas ideias de liberdade", disse o argentino. 

Javier Milei ainda defendeu Elon Musk, a quem se referiu como "querido amigo". Figura-chave nos últimos meses ao lado de Donald Trump, Musk é acusado de fazer uma saudação nazista durante discurso de vitória dos republicanos, em Washington. O homem mais rico do mundo negou que essa fosse a sua intenção. "Ele foi injustamente vilipendiado pelo wokismo nas últimas horas por um gesto inocente, que apenas significa (...) sua gratidão ao povo", garantiu Javier Milei.

Longe dos valores de abertura defendidos durante décadas pelo Fórum Econômico Mundial, Milei denunciou o "vírus mental da ideologia woke", como ficou conhecido o movimento que se mostra consciente da gravidade das injustiças sociais existentes. "Esta é a grande epidemia do nosso tempo, que deve ser tratada. É o câncer que deve ser erradicado", insistiu o presidente argentino.

Na quarta-feira (22), Javier Milei já havia saudado em Davos a "era de ouro" que Donald Trump promete para os Estados Unidos: "uma luz para o mundo inteiro", segundo ele.

(Com AFP)

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