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Príncipe Harry e proprietário do The Sun chegam a acordo

22/01/2025 07h44

O príncipe Harry, que estava processando o grupo de mídia de Rupert Murdoch, dono do The Sun, esta semana por práticas ilegais de acesso à sua privacidade, chegou a um acordo financeiro com a editora, anunciaram ambas as partes nesta quarta-feira (22).

O News Group Newspapers (NGN) pediu desculpas a Harry "pela escuta telefônica, vigilância e uso indevido de informações privadas por jornalistas e investigadores particulares" instruídos pelo grupo, disse o advogado do príncipe, David Sherborne, em frente ao Tribunal Superior de Londres.

Sherborne, que acrescentou que seu cliente receberia "uma indenização substancial", leu parte de uma declaração na qual o grupo editorial se desculpou pela "grave intrusão" do NGN entre 1996 e 2011 na vida privada de Harry.

No comunicado, o grupo pediu desculpas ao príncipe pelo "impacto que a ampla cobertura e a grave intrusão em sua vida privada, assim como na de Diana, a princesa de Gales, sua falecida mãe, tiveram sobre ele, principalmente durante seus anos de juventude".

O príncipe culpa a imprensa pela morte de sua mãe em um acidente de carro em Paris em 1997, quando ela estava sendo perseguida por paparazzi. 

O advogado do príncipe comemorou uma "vitória monumental", acrescentando que o NGN "deve ser responsabilizado por suas ações ilegais e seu flagrante desrespeito à lei".

O acordo de última hora permite que o príncipe Harry e o NGN, dono do The Sun e do extinto News of the World, evitem um julgamento que estava originalmente programado para começar na terça-feira e durar várias semanas.

- Mudança para a Califórnia -

Harry, de 40 anos, filho caçula do rei Charles III, mudou-se com a família para Califórnia há cinco anos e disse na época que um dos motivos era fugir do assédio da mídia. 

Um ex-líder trabalhista, Tom Watson, agora membro da Câmara dos Lordes, acompanhou o príncipe neste julgamento contra o NGN. 

Watson, que também aceitou uma indenização financeira, elogiou o príncipe nesta quarta-feira por sua "coragem" em ir atrás "dos grandes felinos da selva dos tabloides".

O príncipe e Watson foram os últimos demandantes a entrar com uma ação contra o NGN, depois que centenas de outros denunciantes chegaram a acordos financeiros com o grupo. 

O NGN também pediu desculpas a Watson "pela intrusão injustificada em sua vida privada" pelo News of the World entre 2009 e 2011.

O príncipe e o ex-líder trabalhista também acusaram os executivos do NGN de encobrir deliberadamente práticas ilegais ao excluir e-mails. 

Sherborne disse que Harry e Watson "se juntam a outros que pedem à polícia e ao Parlamento que investiguem", dizendo que houve "perjúrio e acobertamentos ao longo do caminho". 

Em outra declaração do NGN nesta quarta-feira, a editora negou "veementemente" as denúncias de acobertamento.

"Amplas evidências teriam sido apresentadas no julgamento para refutar essas denúncias", disse o NGN neste comunicado posterior.

A imprensa britânica foi abalada no final dos anos 2000 pela revelação de vários escândalos de escutas telefônicas.

O grupo de Murdoch pediu desculpas por práticas ilegais no News of the World, que fechou às pressas em 2011, mas negou na época que ações semelhantes tivessem sido tomadas no The Sun.

- Mais de 1.000 denunciantes -

Desde então, cerca de 1.300 denunciantes chegaram a acordos extrajudiciais com o grupo. Segundo a imprensa britânica, o NGN pagou cerca de 1 bilhão de libras (cerca de 7,25 bilhões de reais) e conseguiu evitar todos os julgamentos até agora. 

O irmão mais velho de Harry e herdeiro do trono, o príncipe William, está entre os que optaram por tais acordos nos últimos anos, assim como o ator Hugh Grant. 

Harry já havia conquistado uma grande vitória contra a imprensa sensacionalista em 2023 ao garantir a condenação do editor do Daily Mirror por reportagens baseadas em um grampo telefônico. 

A secretária de Estado de Cultura, Mídia e Esporte, Lisa Nandy, disse à BBC Radio nesta quarta-feira que o governo "trabalharia" nas reformas propostas para as regulamentações da imprensa. 

A Polícia Metropolitana disse que não há investigações em andamento sobre os novos fatos admitidos pela editora, e acrescentou que responderá a qualquer denúncia desse tipo.

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© Agence France-Presse

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