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Acusações de negligência após incêndio mortal em hotel na Turquia

22/01/2025 13h00

A Turquia começou a enterrar nesta quarta-feira (22) os 79 mortos na véspera no incêndio de um hotel de luxo na estação de esqui de Kartalkaya, em meio a acusações de negligência.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, compareceu em Bolu, a capital provincial, ao funeral de oito membros da família de um ex-deputado do AKP, seu partido.

Após análises de DNA, o Ministério Público de Bolu anunciou que 79 pessoas morreram no incêndio, revisando para cima o balanço anterior de 76 falecidos.

Cerca de vinte pessoas permanecem hospitalizadas em Bolu, a 35 km da estação de Kartalkaya, no centro do país.

De acordo com a imprensa turca, a ausência de alarme de incêndio no hotel Grand Kartal, entre outras negligencias, explicam o grande número de vítimas.

A busca por possíveis vítimas prosseguiu nesta quarta-feira no grande prédio de 12 andares, cuja fachada foi enegrecida pelo fogo.

Famílias inteiras estavam hospedadas neste estabelecimento de luxo, a duas horas de Ancara, coincidindo com as férias escolares na Turquia.

"Quando cheguei, havia chamas por toda parte, podíamos ouvir gritos (...) Vi uma pessoa pulando da janela", explicou à AFP Cevdet Can, diretor de uma escola de esqui na estação.

"Perdi cinco dos meus alunos", disse o instrutor de esqui Necmi Kepcetutan, que sobreviveu ao fogo.

Outros sobreviventes relataram na terça-feira a ausência de alarme de incêndio e portas corta-fogo no hotel.

Onze pessoas, incluindo o vice-prefeito de Bolu, o chefe dos bombeiros da cidade, o dono do estabelecimento, o gerente e um eletricista, foram detidas no âmbito da investigação iniciada pelo Ministério da Justiça dirigida por seis promotores.

- "Negligência" -

A direção do hotel ofereceu suas condolências e expressou "seu pesar" em um comunicado, assegurando que "cooperará com as autoridades para esclarecer este acidente".

O hotel de luxo estava praticamente cheio, com 238 clientes registrados.

De acordo com o Ministério do Turismo, o hotel foi "revisado" pelos bombeiros em 2021 e 2024, mas vários veículos da imprensa turca afirmam que a última inspeção aconteceu em 2007.

A agência de notícias estatal Anadolu publicou nesta quarta-feira um documento do governo de Bolu, de 2 de janeiro, certificando que um novo "café-restaurante" de 70m² localizado no quarto andar, o local onde teria começado o incêndio, cumpria as normas.

As autoridades afirmam que o incêndio começou pouco antes das 03h30 de terça-feira e os bombeiros chegaram ao local em menos de 45 minutos. Mas segundo as testemunhas e sobreviventes, começou pelo menos uma hora antes.

"Não foi o incêndio, mas a negligência que causou a morte" dos turistas, escreveu o diário Hürriyet, pró-governamental. 

O ministro do Turismo negou a ausência de escadas de emergência, como explicaram alguns sobreviventes, e assegurou que o hotel tinha duas.

O prédio, com vista panorâmica para as montanhas, está localizado perto de uma inclinação acentuada, o que dificultou a intervenção dos bombeiros.

De acordo com a imprensa turca, o revestimento do hotel também facilitou a propagação das chamas para o resto do edifício.

bur-rba/bg/dbh/zm/jc/dd/jb/am

© Agence France-Presse

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