Esquerda radical francesa apresenta resolução para barrar ratificação de acordo UE-Mercosul
O partido França Insubmissa (LFI), da esquerda radical, apresentou uma resolução pedindo ao governo francês que rejeite a ratificação do polêmico acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia). A proposta será analisada no próximo dia 29 de janeiro pela Assembleia Nacional, anunciou a líder dos deputados do partido, Mathilde Panot, nesta terça-feira (21).
A votação da resolução contra a assinatura do acordo com o Mercosul é "uma vitória extremamente importante", comemorou Panot durante a coletiva de imprensa do partido.
Apresentada pelo deputado Arnaud Le Gall, também do LFI, a proposta "convida o governo francês a informar à Comissão Europeia sua rejeição ao acordo", além de manifestar "sua oposição a qualquer método de adoção [do texto] que contorne a ratificação pelos Parlamentos nacionais".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou em 6 de dezembro a conclusão das negociações, mas o acordo ainda precisa ser ratificado.
A França, que lidera os países que se opõem ao acordo, considera o texto "inaceitável" e exige que os agricultores do Mercosul respeitem as normas ambientais e sanitárias em vigor na União Europeia (UE), para evitar a concorrência desleal.
"Nada está decidido", diz Macron
O presidente Emmanuel Macron declarou, no início de janeiro de 2025, que nada está decidido sobre a entrada em vigor do texto, e afirmou que, por enquanto, trata-se apenas de "uma assinatura".
A aplicação do acordo permitiria à UE, que já o maior parceiro comercial do Mercosul (bloco formado por Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia), exportar com mais facilidade automóveis, máquinas e outros produtos para a região. Por outro lado, os países sul-americanos poderiam vender para a Europa produtos como carne, açúcar, arroz, mel e soja.
No final de novembro, a Assembleia Nacional votou a favor da oposição do governo francês ao projeto de acordo negociado pela Comissão Europeia.
Os deputados da esquerda radical votaram contra para rejeitar não apenas o acordo, mas qualquer pacto de livre-comércio com os países do Mercosul, independentemente do formato.
Com informações da AFP