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General indiciado nega ter apoiado trama golpista em 2022: 'Infundado'

O general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira também entrou na mira da PF - Divulgação
O general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira também entrou na mira da PF Imagem: Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

20/01/2025 18h05

Ex-chefe do Coter (Comando de Operações Terrestres) e acusado de se colocar à disposição da trama golpista em 2022, Estevam Theophilo negou, em manifestação protocolada no STF nesta segunda-feira (20), ter concordado com o plano após reunião com Bolsonaro.

O que aconteceu

Defesa de general fala em indiciamento "infundado e genérico" e conclusão "inaceitável" da Polícia Federal. Segundo o advogado de Theophilo, a Polícia Federal não apresentou "uma única prova" de que o general tenha concordado com o golpe.

Theophilo concordou com golpe, disse Mauro Cid, conforme mostrou o colunista do UOL Aguirre Talento, em novembro de 2024. O ex-ajudante de Ordens de Jair Bolsonaro (PL), Cid confirmou à PF em mais um depoimento de sua delação premiada que o general concordou com o golpe articulado por Bolsonaro após se reunir com o então presidente no Palácio da Alvorada.

O então general havia sido convocado por Bolsonaro para uma reunião no dia 9 de dezembro de 2022. Dois dias antes, o então presidente apresentou uma minuta de decreto golpista aos comandantes das Forças Armadas, mas não teve o apoio do comandante do Exército, o general Freire Gomes. Por isso, Bolsonaro buscou o apoio do outro general, segundo a investigação da PF.

Versão de Cid foi negada pelos advogados. A defesa de Theophilo diz que Bolsonaro não "propôs ou "expôs" nada sobre um plano com intuito ou conteúdo golpista, visto que "limitou-se a declinar lamúrias".

General seguiu posicionamento de Freire Gomes, que foi contrário ao golpe, segundo depoimento dele à PF. O advogado de Theophilo diz que há uma "contradição" no relatório, já que o golpe não se concretizou por falta de adesão do Exército e pela recusa de Freire Gomes.

Certamente teria rompido suas relações com o então Comandante do Exército Brasileiro e se tornado personagem próximo, com rotineiras e habituais aparições com os demais integrantes da suposta organização criminosa, o que também jamais ocorreu.
Trecho da manifestação da defesa do ex-chefe do Coter

Manutenção no cargo e elogio do atual comandante. "Evidenciando a legalidade das suas condutas", Theophilo continuou no cargo até a passagem de comando do general Júlio Cesar de Arruda para o general Tomás Paiva, em janeiro de 2023. Além disso, ele teria recebido um "elogio honroso" do atual general.

Relembre indiciamento

Importância de Theophilo na trama. Segundo a PF, a adesão de Theophilo seria essencial para concretizar o golpe porque o Coter tem, dentro da sua estrutura, o Comando de Operações Especiais, unidade militar onde ficam os Forças Especiais, grupo de elite do Exército.

Plano de prisão de Moraes e envenenamento de Lula e Alckmin. No planejamento do golpe desenvolvido pelos aliados de Bolsonaro, a investigação da PF aponta que as Forças Especiais seriam usadas para executar missões que incluíam a prisão ou assassinato do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, além do envenenamento do presidente eleito Lula (PT) e do seu vice Geraldo Alckmin (PSB).

Cid disse à PF que o próprio Theophilo confirmou, após a reunião, que colocaria tropas na rua caso Bolsonaro assinasse o decreto golpista. O plano, entretanto, não foi adiante por causa da resistência do comandante do Exército. Porém, por seu apoio à ação golpista, o general Theophilo foi um dos 37 indiciados pela PF por tentativa de golpe.

Ao longo da investigação, a análise da dinâmica dos fatos evidenciou que o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, então comandante do Comando de Operações Terrestres - COTER do Exército brasileiro, de forma inequívoca anuiu com o Golpe de Estado, colocando as tropas à disposição do então Presidente da República Jair Bolsonaro.
Conclusão da Polícia Federal

Em seu depoimento à PF, Theophilo negou ter aderido a ações golpistas e afirmou que a conversa com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada não tratou desse assunto. Sua defesa também negou irregularidades ao longo do inquérito.

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