Prisão de presidente afastado da Coreia do Sul é prolongada por 20 dias; apoiadores invadem tribunal
A Justiça da Coreia do Sul anunciou neste domingo (19) que a detenção do presidente afastado do país, Yoon Suk Yeol, foi prolongada por mais 20 dias. O anúncio suscitou a revolta de seus apoiadores, que invadiram um tribunal de Seul onde o líder conservador foi interrogado na véspera.
Com informações do correspondente da RFI em Seul, Celio Fioretti, e agências
Dezenas de milhares de simpatizantes de Yoon enfrentaram a polícia e chegaram a quebrar os vidros de um tribunal, uma situação jamais vista na Coreia do Sul. As cenas foram transmitidas ao vivo em um canal no YouTube. "Por que toda a população não está aqui? Venham todos!", convoca um manifestante na live que durou cerca de sete horas.
Para o pedreiro Cho Min-shik, de 32 anos, a extensão da prisão do presidente afastado "significa a queda do Estado de Direito na Coreia do Sul". O manifestante mostra o pulso ferido após ter participado da revolta.
A equipe jurídica de Yoon culpa a Justiça e a polícia pelos incidentes violentos. Já as autoridades anunciaram a prisão de centenas de manifestantes e prometem abrir uma investigação dos youtubers afiliados à extrema direita que invadiram o tribunal.
Os distúrbios chocaram até mesmo os simpatizantes de Yoon. "Eu estava lá [diante do tribunal] e as pessoas se revoltaram, sobretudo os jovens, que invadiram o local, retiraram as barreiras de proteção e quebraram os vidros. Há feridos em ambos os lados. Não queríamos recorrer à violência, mas muita gente pensa que essa é a forma de reagir diante de uma Justiça corrupta", declaoru à RFI o manifestante Park Jeongseok.
"Recuperar a honra"
No sábado, o presidente afastado falou durante cerca de 40 minutos para "recuperar sua honra", afirmou seu advogado, Yoon Kab-keun. Segundo ele, o líder conservador "explicou e respondeu detalhadamente os fatos, provas e questões jurídicas".
Yoon Suk Yeol é acusado de ter provocado uma grave crise na Coreia do Sul ao decretar uma lei marcial em dezembro. O objetivo, segundo ele, era proteger o país "de forças comunistas norte-coreanas" e "de elementos hostis ao Estado".
Afastado após a aprovação de uma moção de impeachment pelo Parlamento, Yoon é agora investigado por insurreição, crime passível de prisão perpétua e até pena de morte na Coreia do Sul. O líder conservador também enfrenta um processo judicial no Tribunal Constitucional do país, que deve ratificar ou rejeitar até junho o pedido de destituição.
Protegido por sua guarda presidencial e centenas de apoiadores que cercaram sua residência em Seul, Yoon resistiu à prisão por semanas. Ao ser detido, na semana passada, ele inicialmente se recusou a fazer declarações e cooperar com os investigadores, por considerar sua prisão ilegal. Mas decidiu comparecer ao tribunal no sábado onde teve sua prisão prolongada por mais 20 dias - uma decisão que dará mais tempo para que os investigadores formalizem as acusações contra o presidente afastado.