Cessar-fogo na Faixa de Gaza tem início após incertezas e três horas de atraso
Com três horas de atraso, o cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas entrou em vigor na Faixa de Gaza neste domingo (19). A trégua não iniciou no horário previsto devido a um atraso do movimento armado palestino na entrega da lista com os nomes das primeiras reféns a serem libertadas.
A confirmação do início do cessar-fogo foi anunciada pelo Catar, um dos países mediadores do acordo, por volta das 9h30 GMT (6h30 em Brasília). "Confirmamos que os nomes de três reféns que devem ser libertadas hoje foram transmitidas à Israel. Assim, o cessar-fogo começou", afirmou o ministro catariano das Relações Exteriores, Majed Al-Ansari, em comunicado. O anúncio foi comemorado por moradores em diversas regiões da Faixa de Gaza.
Israel responsabilizou o Hamas pelo atraso na entrega da primeira lista de reféns. Nesta manhã, o país advertiu que a trégua não começaria enquanto o grupo não cumprisse com sua obrigação. Antes do início da pausa nos combates, bombardeios israelenses foram registrados neste domingo na Faixa de Gaza e ao menos oito pessoas morreram, segundo a Defesa Civil local.
O Hamas reconheceu a demora e afirmou, em comunicado, que o atraso teria ocorrido devido a problemas técnicos e à continuação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza. Segundo o Catar, três mulheres devem ser libertadas pelo movimento armado palestino neste domingo. Elas seriam três cidadãs israelenses, entre as quais uma também tem a nacionalidade romena e outra britânica. Em troca, Israel designou 95 detentos palestinos aptos para deixar prisões israelenses, a maioria deles mulheres e crianças que foram detidas após o fatídico 7 de outubro de 2023.
Primeira fase do acordo
O acordo entre Israel e o Hamas foi negociado por três países mediadores - Catar, Egito e Estados Unidos, prevendo um cessar-fogo em três etapas. A primeira delas, com duração de seis semanas, determina a troca de 33 reféns israelenses por 737 detentos palestinos.
No sábado (18), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que o cessar-fogo é "provisório" e que Israel se dá "o direito de retomar a guerra se necessário, com o apoio dos Estados Unidos". Em um discurso exibido na TV israelense, o premiê também prometeu trazer volta "todos os reféns" mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza.
Nesta manhã, o ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, anunciou sua demissão por discordar do cessar-fogo. Já o ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Saar, alertou sobre a persistência da "instabilidade regional" se o Hamas continuar no poder na Faixa de Gaza. Segundo ele, não haverá "paz, estabilidade e segurança para as duas partes" caso o movimento palestino seguir governando o enclave.
Milhares de palestinos retornam para suas casas
O acordo foi ratificado na sexta-feira (17) por Israel e determina também o retorno de moradores palestinos deslocados às suas residências e a entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia na Faixa de Gaza. Por isso, milhares de pessoas que tiveram de deixar suas casas para se refugiar em campos e outros setores do território invadiram as estradas neste domingo. Movimentos de retorno foram registrados principalmente em Jabalia, no norte, e em Rafah e Khan Yunis, no sul.
No entanto, a maioria dos moradores devem se deparar com "bairros inteiros destruídos" pelos bombardeios israelenses, advertiu Mohamed Khatib, da organização Medical Aid for Palestine. "O sofrimento continuará, mas, ao menos, há esperanças", afirma.
"Vou retirar os escombros da minha casa e montar uma barraca lá", disse Oum Khalil Bakr, que deixou sua residência na Cidade de Gaza para se refugiar no campo de Nuseirat. "Sabemos que estará frio e que não teremos cobertores para dormir, mas o que importa é voltarmos para a nossa terra", disse.
(Com informações da AFP)