Volta de Trump é "oportunidade" para União Europeia, julga futuro chanceler alemão
O regresso ao poder de Donald Trump, uma personalidade "muito previsível", trará "claridade" às relações entre americanos e europeus e oferece a estes últimos a "oportunidade" de acelerar os seus esforços comuns, particularmente militares, disse sábado (18) Friedrich Merz, favorito para se tornar o próximo chanceler alemão.
"Trump é muito previsível: ele fala sério e faz o que diz", disse o líder dos conservadores da CDU (União Democrata Cristã) durante uma conferência de imprensa de encerramento de um seminário do Partido Popular Europeu (PPE), em Berlim.
"Haverá muito mais clareza" após a posse do republicano na segunda-feira (20), acrescentou.
Na frente militar, Donald Trump quer ver os estados membros da Otan aumentarem os seus gastos com defesa para 5% do PIB, enquanto a Alemanha acaba de atingir a marca de 2% pela primeira vez.
"Trump está agora acelerando um processo na Europa que, de qualquer forma, deveríamos ter feito e, a este respeito, é agora também uma oportunidade" para levar a bom termo o "debate sobre os gastos com a defesa", disse Friedrich Merz, que lidera com grande margem as pesquisas de opinião pública para as eleições legislativas na Alemanha, de 23 de fevereiro.
O atual ministro da Defesa alemão, o social-democrata Boris Pistorius, posicionou-se no sábado a favor de um orçamento de defesa "mais próximo" de 3% do PIB.
Friedrich Merz, que apela nos seus discursos a uma maior integração europeia, espera que "o que está acontecendo em Washington na segunda-feira acelere os nossos esforços".
Segundo o candidato, "não há razão para nos voltarmos com medo para Washington na segunda-feira: (...) temos mais habitantes na Europa do que os Estados Unidos e o Canadá juntos. Se nós nos unirmos, podemos conseguir alguma coisa", especialmente em termos de defesa, destacou.
Donald Trump, que prometeu repetidamente pôr fim rapidamente à guerra entre a Ucrânia e a Rússia, disse estar preparando uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, para "acabar" com o conflito.
"O mais importante é que alcancemos a paz na Ucrânia o mais rapidamente possível, mas esta paz não deve ser concluída pelas costas da Ucrânia" ou dos europeus, disse Friedrich Merz.
Parte da opinião pública alemã está preocupada com a estagnação da guerra na Ucrânia e com os recursos destinados a ela pela Alemanha, o segundo fornecedor de ajuda militar a Kiev, depois dos Estados Unidos.
O partido de extrema-direita AfD e o partido de extrema-esquerda (BSW) apelam ao fim do fornecimento de armas à Ucrânia.
Citando os "ataques cibernéticos massivos" sofridos por certas empresas alemãs, mas também pela CDU, em junho de 2024, Friedrich Merz sublinhou mais tarde, durante uma reunião em Hanôver, que a defesa "não era apenas" uma questão "militar".
"Não estamos nos armando" para "travar a guerra", disse ele. "Queremos ser capazes de nos defender para não termos que nos defender."
(Com AFP)