Catar confirma que cessar-fogo na Faixa de Gaza entrará em vigor neste domingo
O cessar-fogo na Faixa de Gaza entrará em vigor no domingo (19) às 8h30 da manhã pelo horário local (2h30 pelo horário de Brasília). O anúncio foi feito neste sábado (18) pelo Ministério das Relações Exteriores do Catar, um dos países mediadores do acordo entre Israel e o grupo Hamas.
Israel deu sua aprovação final ao compromisso na noite de sexta-feira (17), apesar da oposição da extrema direita israelense. O texto prevê uma primeira fase do acordo com duração de seis semanas, durante as quais serão libertados 33 reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza, em troca de 737 palestinos detidos em prisões israelenses.
As primeiras trocas de reféns por detentos ocorrerão neste domingo. As identidades das pessoas que serão libertadas devem ser confirmadas nesta tarde. Já o fim definitivo dos ataques no enclave começará a ser negociado no final da primeira fase do acordo.
Três mulheres israelenses
Segundo o governo israelense, três pontos de acolhimento serão instalados na fronteira entre o sul de Israel e a Faixa de Gaza. A expectativa é que três reféns israelenses mulheres sejam as primeiras a deixarem o enclave palestino, de acordo com fontes próximas ao Hamas. Elas serão examinadas por uma equipe médica e, em seguida, conduzidas a um hospital.
As autoridades israelenses selecionaram 95 detentos palestinos a serem libertados a partir deste domingo. Este primeiro grupo é constituído majoritariamente por mulheres e menores presos pelas forças de Israel após 7 de outubro de 2023. Entre eles está Zakaria al-Zoubeidi, ex-líder local das brigadas Al-Aqsa, braço armado do partido Fatah, apontado como organizador de atentados no território israelense.
O governo francês indicou que dois franco-israelenses, Ofer Kalderon, 54 anos, et Ohad Yahalomi, 50 anos, estão entre os 33 reféns a serem libertados na primeira fase do acordo. Eles foram sequestrados do kibutz Nir Oz com vários de seus filhos, já libertados em uma primeira trégua, em novembro de 2023.
"Esse é o momento que tanto aguardávamos. Espero realmente que veremos meu avô voltar para casa vivo", disse Daniel Lifshitz, neto de Oded Lifshitz, 84 anos, sequestrado por membros do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Nir Oz.
Forte expectativa em Gaza
O acordo ratificado nesta sexta por Israel ainda determina o retorno de moradores palestinos deslocados às suas residências e a entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia na Faixa de Gaza.
"Vou retirar os escombros da minha casa e montar uma barraca lá", diz dit Oum Khalil Bakr, que deixou sua residência na Cidade de Gaza para se refugiar no campo de Nusseirat. "Sabemos que estará frio e que não teremos cobertores para dormir, mas o que importa é voltar para nossa terra", disse.
Muitas das pessoas devem se deparar com "bairros inteiros destruídos" pelos bombardeios israelenses, indicou Mohamed Khatib, da organização Medical Aid for Palestine. "O sofrimento continuará, mas, ao menos, há esperanças", afirma.
Segundo a ONU, a guerra na Faixa de Gaza provocou destruições sem precedentes no enclave, além da morte de quase 47 mil palestinos, a maioria deles civis. Do lado israelense, 1.210 pessoas morreram nos ataques de 7 de outubro de 2023. Entre as 251 sequestradas neste dia pelo Hamas, 94 seguem em cativeiro e 34 morreram.
Nas últimas horas antes da entrada em vigor do acordo, as operações israelenses continuam no enclave. Ao menos 23 pessoas morreram neste sábado no território palestino, segundo o Ministério da Saúde palestino, administrado pelo Hamas.
Em comunicado neste sábado, o grupo afirmou que Israel "não conseguiu atingir seus objetivos agressivos e apenas cometeu crimes de guerra que desrespeitam a humanidade".
(Com informações da AFP)