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CAC atirador de Pinheiros diz usar cocaína quase todo dia contra ansiedade

do UOL

Do UOL, no Rio

18/01/2025 15h55

O CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) Marcelo Berlinck Mariano Costa, 31, preso na noite de 6 de dezembro de 2024 na cobertura onde morava, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, assume que estava sob efeito de cocaína quando disparou a esmo de dentro do apartamento e, depois, quando atirou na direção de policiais da Rota chamados para detê-lo.

No apartamento de Costa foi encontrado um arsenal. Atualmente, ele está no CDP (Centro de Detenção Provisória) II de Guarulhos, na Grande São Paulo, acusado pelo MP (Ministério Público) de tentar matar um dos policiais envolvidos na ocorrência. A defesa sustenta que ele não é um criminoso, mas, sim, um dependente químico que necessita de tratamentos adequados.

O que aconteceu

Relatório final da Polícia Civil. O delegado Paulo Edson Mariano Marques, do 14º DP (Distrito Policial), em Pinheiros, assinou em 10 de dezembro o relatório final de investigações sobre o caso. Ele relatou que foram encontradas 152 armas no apartamento, além de munições íntegras e deflagradas, de vários calibres.

Sobre o computador de Marcelo havia uma caixa com um pó branco, acondicionado em pequenos sacos plásticos, com aparência de entorpecentes. Invólucros iguais também foram localizados no chão do apartamento, já vazios, indicando haverem sido consumidos.
Relatório final da Polícia Civil

Marcelo Berlinck Mariano Costa, preso após atirar de cobertura em Pinheiros, em dezembro de 2024 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Marcelo Berlinck Mariano Costa, preso após atirar de cobertura em Pinheiros, em dezembro de 2024
Imagem: Reprodução/Instagram

Acusado de tentativa de homicídio. Um dia depois do relatório da polícia, o promotor João Carlos Calsavara, da 1ª Vara do Júri, o acusou de tentar matar os policiais da Rota que tentavam detê-lo.

O pedido da defesa. Costa contratou os serviços do escritório do advogado criminalista Eugênio Malavasi. Ele pediu a revogação da prisão preventiva, alegando que o cliente era primário e com residência e domicílio fixos.

Uso de drogas. A defesa afirmou, nos autos, que "infelizmente, o peticionário possui histórico de uso de substâncias entorpecentes, notadamente a cocaína". A defesa documentou que, segundo uma familiar de Costa, ele dizia "utilizar cocaína desde 2013 sob o argumento de que a droga o deixa mais calmo e melhora a ansiedade".

A mesma familiar afirmou que ele aumentou o uso de cocaína nos últimos anos, "com marcante alteração de comportamento", o que o colocava em risco. Oito meses antes de ser preso, por exemplo, ele caiu do telhado, de uma altura de oito metros, gerando a fratura da clavícula.

A defesa disse, ainda, que Costa revelou fazer "uso de cocaína quase que diariamente, por volta de 2 a 3 gramas".

O peticionário não é um criminoso. Ao revés, trata-se de um analista financeiro, primário, de bons antecedentes, que possui vida ante acta destituída de qualquer mácula, necessitando, portanto, de tratamento- e não de prisão.
Defesa de Marcelo Costa

Rota apreendeu farta quantidade de armas, munição e coletes à prova de balas na casa do CAC em Pinheiros - Cedido ao UOL - Cedido ao UOL
Rota apreendeu farta quantidade de armas, munição e coletes à prova de balas na casa do CAC em Pinheiros
Imagem: Cedido ao UOL

Disputa de narrativas

Armas apreendidas. A defesa de Costa afirma que, como todas as armas foram apreendidas pela Polícia Civil, "logo, não subsiste mais qualquer risco à ordem pública". Com isso e com o histórico de dependência química, pediu a soltura do cliente. O MP se posicionou contra o pedido.

Nada impede que o acusado receba, no interior do presídio em que se encontra, o devido tratamento para drogadição, havendo no presente fundadas dúvidas a respeito da alegada falta de higidez mental.
Promotor João Carlos Calsavara

Pedido negado. O juiz Bruno Ronchetti de Castro, da 1ª Vara do Júri, indeferiu o pedido da defesa em 19 de dezembro sob o argumento de que as prisões de São Paulo realizam tratamentos de saúde.

Natal da cadeia. Quando recebeu alta, às vésperas do Natal, em 24 de dezembro, Berlinck foi encaminhado ao CDP (Dentro de Detenção Provisória) II de Guarulhos.

Condição atual. Em 16 de janeiro, um relatório de saúde foi enviado ao juiz assinado pelo diretor do presídio. Em entrevista de inclusão, Costa disse ter tratado síndrome do pânico por dois anos, tomando dois remédios três vezes ao dia. Esses medicamentos, agora, são entregues diariamente por enfermeiros do presídio.

Além disso, o relatório apontou que Costa continua aguardando consulta com um psiquiatra. Mas, até o momento da assinatura do documento, estava em "bom estado geral de saúde".

Datas. A audiência de instrução, interrogatório, debates e julgamento foram marcados para o dia 14 de julho de 2025.

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