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Gabinete de segurança de Israel se reúne para aprovar trégua em Gaza

17/01/2025 08h12

O gabinete de segurança de Israel se reúne nesta sexta-feira (17) para aprovar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que deve entrar em vigor no domingo entre Israel e o Hamas. O acordo de trégua permanece frágil após bombardeios israelenses que mataram dezenas de pessoas no território palestino nos últimos dias. 

Ataques israelenses na faixa de Gaza causaram mais de cem mortes, segundo os socorristas, desde o anúncio do acordo na quarta-feira (15). O exército de Israel informou na quinta-feira (16) ter atingido cerca de "50 alvos" em 24 horas. 

O acordo, anunciado pelo Catar e pelos Estados Unidos após 15 meses de guerra, prevê, em uma primeira fase de seis semanas, a libertação de 33 reféns israelenses mantidos em Gaza, em troca de centenas de prisioneiros palestinos detidos por Israel. A fase final da guerra será negociada durante esta primeira fase. 

A reunião do gabinete de segurança israelense, que será seguida de um conselho de ministros na sexta-feira ou sábado, ocorre após as garantias obtidas sobre a libertação dos reféns, de acordo com o escritório do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

Por isso, o premiê israelense "ordenou a reunião do gabinete político e de segurança" para esta sexta-feira, informou seu escritório. A aprovação é uma etapa crucial para a entrada em vigor do cessar-fogo a partir de domingo

As famílias dos reféns foram informadas e os preparativos estavam em andamento para recebê-los, revelou a mesma fonte.

Netanyahu está confiante de que obterá uma maioria favorável a decisão, apesar da oposição de ministros de extrema direita. Um deles, o ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, afirmou na quinta-feira que renunciaria se o governo adotasse o "acordo irresponsável" de trégua com o Hamas, sem, no entanto, deixar a coalizão de Netanyahu. 

Israel afirmou na quinta-feira que o Hamas havia "voltado atrás em alguns pontos" do pacto para "extorquir concessões de última hora", mas um alto dirigente do movimento islâmico, Sami Abu Zuhri, rejeitou essas acusações. 

Os líderes dos países do G7 qualificaram o acordo de "uma importante notícia" e pediram que o Hamas e Israel "garantam sua plena implementação e o fim definitivo das hostilidades". 

"Beijar minha terra"

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, disse estar "confiante" de que o cessar-fogo entrará em vigor como previsto. 

Antes do início da trégua, palestinos deslocados pela guerra se preparavam para retornar às suas casas. 

"Estou esperando pela manhã de domingo", disse Nasr al-Gharabli, que fugiu de sua casa na Cidade de Gaza, no norte, para um campo mais ao sul. 

"Vou beijar minha terra, e já me arrependo de tê-la deixado. Se tivesse morrido na minha terra, seria melhor do que estar deslocado aqui", acrescentou. 

A guerra, que causou um nível de destruição "sem precedentes na história recente" de Gaza, segundo a ONU, foi desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o território israelense. 

O ataque resultou na morte de 1.210 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. De 251 pessoas foram sequestradas, 94 ainda são mantidas reféns em Gaza, das quais 34, segundo o exército, estão mortas. 

Pelo menos 46.788 pessoas, em sua maioria civis, foram mortas na campanha militar de represálias de Israel na faixa de Gaza, de acordo com dados do ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU. 

Acordo em três fases

O anúncio do acordo seguiu uma aceleração das negociações, que estavam estagnadas há mais de um ano, com a proximidade do retorno de Donald Trump à Casa Branca, na próxima segunda-feira (20). 

Trump afirmou na quinta-feira que a negociação nunca teria sido concluída sem a pressão exercida por ele e sua futura administração. "Mudamos o curso das coisas, e o fizemos rapidamente", disse ele. 

A primeira fase do acordo inclui "um cessar-fogo total", a libertação de 33 reféns, entre os quais mulheres, crianças e idosos, a retirada israelense das áreas densamente povoadas e o aumento da ajuda humanitária, detalhou o presidente dos EUA, Joe Biden na quarta-feira.

Israel, por sua vez, "libertará centenas de prisioneiros palestinos", disse Biden . 

A segunda fase deve permitir a libertação dos últimos reféns, acrescentou ele. 

A terceira e última fase será dedicada à reconstrução de Gaza e à devolução dos corpos dos reféns mortos em cativeiro. 

Durante a primeira fase, serão negociadas as modalidades da segunda fase, ou seja, "um fim definitivo da guerra", explicou o primeiro-ministro do Catar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani. 

Já devastada por um bloqueio israelense imposto desde 2007, pela pobreza e pelo desemprego, a sitiada Faixa de Gaza foi arrasada pela guerra e quase toda a sua população de 2,4 milhões de habitantes foi deslocada. 

O cessar-fogo deixa em suspenso o futuro político de Gaza, onde o Hamas assumiu o poder em 2007. 

Bombardeado durante 15 meses pelas forças israelenses, o movimento islâmico parece muito enfraquecido, mas não foi aniquilado como era o objetivo estabelecido por Benjamin Netanyahu, avaliam especialistas.

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