Projeto de cessar-fogo deve passar no Parlamento israelense; quase 30 já morreram em Gaza após anúncio
Horas depois do anúncio de um cessar-fogo em Gaza, pelo Catar e os Estados Unidos e previsto para entrar em vigor no domingo (19), pelo menos 27 pessoas foram mortas no território palestino. Nesta quinta-feira, o governo de Israel deverá aprovar o acordo de trégua, após mais de 15 meses de uma violenta guerra contra o grupo Hamas.
Henry Galsky, correspondente de RFI em Israel, com AFP
A aprovação do projeto depende de duas votações: a primeira, no Gabinete de Segurança de Israel, e a segunda, pelos membros da coalizão de governo. Segundo apurou a RFI, há maioria de votos para que o texto seja aprovado nesses dois fóruns.
Se o cronograma não sofrer interrupções, o passo seguinte será a publicação dos nomes dos prisioneiros palestinos a serem libertados, conforme determina a lei israelense, como parte do acordo. Qualquer cidadão poderá contestar a lista na Suprema Corte nas 48 horas seguintes.
Este ritual interno em Israel conduzirá ao início da libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos no domingo, 19 de janeiro.
Incertezas sobre a vida dos reféns
Um dos aspectos que causam maior ansiedade na população israelense, em especial entre os familiares dos reféns, é a incerteza sobre a situação daqueles que serão libertados. Israel não recebeu uma lista atualizada, e o governo do país não tem garantias sobre quem está vivo ou morto.
O Canal 13 indica algumas pistas: as mulheres vivas serão as primeiras libertadas, o que significa que no momento em que os reféns do sexo masculino começarem a deixar a Faixa de Gaza, as demais mulheres que ficaram para trás podem estar mortas. Essa possibilidade se aplica ao grupo de 33 reféns que devem ser libertados na primeira fase do acordo.
Entre os palestinos, cerca de mil prisioneiros serão libertados. A proporção estabelecida no acordo determina que 30 prisioneiros palestinos devem retornar para a Faixa de Gaza ou Cisjordânia para cada civil israelense libertado; para cada militar israelense serão libertados 50 prisioneiros palestinos.
Para a população palestina em Gaza, há também a perspectiva de que, já na primeira fase do acordo, com duração de 42 dias, todos os deslocados internos poderão retornar para o norte do enclave.
Mortes em Gaza continuam
Enquanto isso, o conflito não cessou no terreno. Nesta manhã, a Defesa Civil da Faixa de Gaza relatou sete mortes em dois ataques israelenses. O bombardeio de uma casa no bairro de Rimal, na Cidade de Gaza, deixou cinco mortos e mais de 10 feridos, informou a Defesa Civil em um comunicado.
No centro da mesma cidade, duas pessoas morreram em um ataque contra um prédio, acrescentou a mesma fonte. Na noite de quarta-feira (15), a Defesa Civil relatou 20 mortes em ataques israelenses em três ataques separados, depois que o Catar e os Estados Unidos anunciaram o acordo para um cessar-fogo no território.
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O ataque de 7 de outubro de 2023 pelo Hamas resultou na morte de 1.210 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas no dia do ataque, 94 ainda estão detidas em Gaza, 34 das quais estão mortas, segundo o exército.
Pelo menos 46.707 pessoas, a maioria civis, foram mortas na campanha militar de retaliação de Israel na Faixa de Gaza, que também causou um desastre humanitário, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas considerados confiáveis ??pela ONU.
A notícia da trégua, após mais de um ano de impasse e possível na medida em que Donald Trump se aproxima de voltar ao poder, foi bem recebida por muitas capitais e organizações internacionais. Milhares de palestinos comemoraram o acordo na Faixa de Gaza.
Em Deir el-Balah, no centro do pequeno território, centenas de pessoas rapidamente mostraram alegria em frente ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, onde tantos mortos se aglomeraram desde o início da guerra, dançando e agitando bandeiras palestinas.
Vários encontros espontâneos ocorreram em outros locais, de acordo com jornalistas da AFP no local ou testemunhas contatadas por telefone.