Israel atacou local onde refém era mantida em Gaza, diz Hamas
As brigadas Al-Qassam - o grupo armado do Hamas - informaram nesta quinta-feira (16) que os bombardeiros de Israel após o anúncio de cessar-fogo atingiram abrigo onde estaria uma das reféns israelenses. Ela é uma das pessoas previstas para serem libertadas na primeira fase do acordo.
O que aconteceu
O porta-voz da organização, Abu Ubeida, não revelou o destino da refém. ''Qualquer agressão e bombardeio nesta fase pelo inimigo pode transformar a liberdade de um prisioneiro em uma tragédia", afirmou o grupo pelo Telegram.
Ainda restam 98 reféns no enclave, segundo Israel. O país compartilhou nas redes sociais nesta quarta-feira (15) a foto dos reféns que ainda não foram resgatados e afirmou que não descansará até que estejam em casa. ''98 de nossos irmãos, irmãs, filhas, filhos, mães, pais e avós'', escreveu.
Entre os reféns, estão duas crianças. Além delas, há mulheres, idosos, adolescentes e jovens. Segundo as imagens divulgadas por Israel, a maioria deles é de homens.
Israel acredita que a maioria dos reféns estejam vivos, mas não há confirmação do Hamas. A proposta inicial compartilhada entre Israel e o Hamas pelos mediadores do Qatar previa que 33 crianças, mulheres e homens mais velhos, bem como reféns doentes e feridos, sejam liberados na primeira fase.
Em troca, centenas de prisioneiros palestinos também seriam soltos. Se tudo correr bem, os negociadores começarão a conversar sobre a libertação dos civis e soldados restantes, bem como dos corpos dos reféns mortos, como parte de um pacote de medidas para encerrar a guerra de 15 meses.
Mais de 80 mortos em Gaza após trégua
O Exército de Israel realizou vários ataques em Gaza nas últimas 24 horas. A Defesa Civil de Gaza informou nesta quinta-feira (16) que as forças israelenses bombardearam diversas regiões do território palestino após o anúncio do acordo de trégua na guerra e matou pelo menos 81 pessoas.
Entre os mortos, estão 20 crianças e 25 mulheres. A informação foi dada à AFP pelo porta-voz do órgão, Mahmud Basal, responsável pelas operações de resgate.
Outras 230 pessoas ficaram feridas. Os bombardeios aconteceram em Gaza e em Khan Yunis, no sul do território, acrescentou Basal.
Número de mortos mais do que quadriplicou de ontem para hoje. Na quarta-feira (15), no mesmo dia do anúncio do cessar-fogo, 20 palestinos foram mortos em bombardeios israelenses.
Acordo de cessar-fogo foi aprovado no Qatar
Acordo foi negociado no Qatar entre Israel e Hamas. O pacto prevê a troca de reféns e prisioneiros em diferentes etapas, assim como a desocupação gradual da Faixa de Gaza por parte das tropas israelenses.
Qatar confirmou acordo e apontou que entrará em vigor no domingo (19). O primeiro-ministro do país, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse que a primeira fase durará 42 dias. Os detalhes dos procedimentos para a segunda e terceira fases serão finalizados durante a implementação da primeira fase. Ele ressaltou a "necessidade de ambas as partes se comprometerem com a implementação de todas as três fases do acordo" para evitar "derramamento de sangue civil".
Biden disse que americanos serão parte da primeira onda de reféns libertos. O presidente dos Estados Unidos afirmou que o interesse de Israel é achar um fim definitivo para a guerra nas próximas seis semanas, mas que o cessar-fogo irá seguir mesmo se os envolvidos no conflito não chegarem a um meio-termo neste período.
Netanyahu acusa Hamas de 'extorsão' em pacto
Sem explicar o que aconteceu, Netanyahu afirmou que o Hamas quer "extorquir concessões de último minuto". Ele falou sobre o assunto em comunicado emitido nesta quinta-feira (16).
A expectativa era de que o acordo fosse ratificado pelo gabinete nesta quinta-feira. O cessar-fogo deveria começar no domingo e 73 pessoas já morreram desde o anúncio, segundo divulgado pela Defesa Civil da Faixa de Gaza nesta manhã.
Hamas diz que está comprometido com acordo. Pouco após a fala de Netanyahu, o porta-voz do grupo extremista, Izzat el-Reshiq, afirmou em publicação no Telegram que o grupo está de acordo com os requerimentos dos mediadores.
* Com informações da Reuters