'Kid preto' diz que celular usado em plano contra Moraes era do Exército

A defesa do tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo afirmou em petição encaminhada nesta terça-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal que o aparelho celular que a Polícia Federal disse ter sido usado por ele no plano para sequestrar ou assassinar o ministro do STF Alexandre de Moraes na verdade era um aparelho funcional do Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro.
O que aconteceu
Defesa apresentou informações ao solicitar a soltura de Rodrigo Bezerra. Ele está preso desde novembro do ano passado, suspeito de ser um dos envolvidos na trama golpista que, segundo a PF, incluiu uma operação que chegou próximo à residência de Alexandre de Moraes, em Brasília, em 15 de novembro de 2022. Na petição, defesa argumenta que ele não estava em Brasília neste dia e que também não estava na cidade em outras datas citadas pela PF.
Celular identificado em nome de Rodrigo Bezerra foi utilizado na operação "Copa 2022". Investigação da PF diz que um grupo formado por militares especiais adquiriu aparelhos celulares com o objetivo a ocultar os reais proprietários. Os aparelhos teriam sido usados para criar um grupo de mensagens no aplicativo Signal para realizar a operação na residência de Moraes em 15 de novembro de 2022.
Operação seria parte da trama golpista para manter Bolsonaro no poder que foi abortada de última hora pela falta de apoio do Comando do Exército. Na petição desta terça-feira, porém, a defesa do militar apresenta vários documentos para mostrar que Bezerra não teve relação com a trama golpista e argumenta que ele só teve acesso ao aparelho funcional quando foi designado para assumir o comando do Centro de Coordenação de Operações (CCOp) do COPESP.
É a primeira vez que o aparelho utilizado na operação golpista é vinculado ao Exército brasileiro. Na versão da defesa de Rodrigo, o celular estava à disposição dele para uso funcional quando ele chegou ao Copesp, já no fim de dezembro, depois dos episódios mencionados pela PF que foram usados para justificar sua prisão. Na representação que pede a prisão de Rodrigo e outros envolvidos na trama golpista, PF não havia identificado nenhum elemento que indicasse que aparelho fosse oficial do Exército.
Ao assumir o comando do CCOp, o referido aparelho celular estava à disposição do Requerente para uso funcional naquela unidade militar. Assim, desconhecendo qualquer vínculo do aparelho com ações ilícitas, tomou posse do celular de forma inocente e passou a utilizá-lo normalmente em suas atividades regulares. Explicou ainda que o aparelho possuía entrada para dois chips e que, quando acessou o celular, já havia um chip logado, possivelmente o número (61) 98179-0643, o qual foi descartado imediatamente.Manifestação da defesa de Rodrigo Bezerra ao STF
Operação Copa 2022
Militar está preso desde novembro do ano passado. Ele é investigado por tentativa de golpe de Estado após a PF identificar que um dos celulares utilizados no plano "Copa 2022" foi registrado no nome dele em dezembro. Seis pessoas estavam no aplicativo Signal discutindo como colocar a proposta em prática. Elas utilizaram codinomes de países. Nos diálogos do grupo, o telefone que depois foi registrado em nome de Bezerra estava vinculado ao usuário de codinome "Brasil".
Militar esteve próximo à casa de Moraes naquela data, aponta PF. Foi a partir dos diálogos deste grupo e do rastreamento de antenas de celular que a PF descobriu que um dos militares chegou a se aproximar da residência de Moraes, em Brasília.