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Bolo envenenado: lanche enviado para vítima no hospital passa por perícia

Deise é suspeita de envenenar bolo de Natal feito pela sogra, em Torres, RS - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/TV Globo
Deise é suspeita de envenenar bolo de Natal feito pela sogra, em Torres, RS Imagem: Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/TV Globo
do UOL

Colaboração para o UOL, de Brasília

14/01/2025 17h30Atualizada em 14/01/2025 17h48

O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul está analisando o lanche enviado por Deise Moura dos Anjos para a sogra, Zeli dos Anjos, no hospital. A nora é a principal suspeita do caso de envenenamento e morte de quatro pessoas da mesma família com arsênio, em Torres (RS).

O que aconteceu

Segundo o IGP, estão sendo analisados os seguintes itens: um torrone; quatro bombons, quatro barras de cereal; um pacote de biscoito; um chiclete; uma garrafa de suco; um pastel; e um canudo. Eles foram enviados por Deise para o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, onde a sogra esteve internada. Zeli teve alta na última sexta-feira (10) após 18 dias internada.

Ainda não há previsão para a conclusão dos laudos periciais. O órgão afirma que a investigação segue protocolos técnicos rigorosos para identificação de substâncias tóxicas.

Entenda o caso

Suspeita é que Deise tenha envenenado farinha usada em bolo com arsênio. Grandes concentrações da substância foram encontradas no doce e no sangue das vítimas e dos familiares hospitalizados após o consumo, segundo as investigações. Ela está presa temporariamente por 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.

"Não há chances de que a causa da morte tenha sido por contaminação natural", afirmou chefe de perícia. Segundo Marguet Mittmann, diretora do Instituto-Geral de Perícias, "as provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio" e que a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa de Zeli.

Antes do envenenamento, Deise teria pesquisado "arsênio e similares" na internet. Segundo um relatório preliminar das investigações, as buscas foram descobertas após extração dos dados do celular da suspeita.

"Homicídios em série"

Investigadores coletaram provas com "fortes indícios" de que Deise praticava "homicídios em série". Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ela foi autora da morte por envenenamento de quatro familiares, entre setembro e dezembro do ano passado. Ela também é investigada por outras tentativas de homicídio na família, segundo divulgado pelos investigadores na última sexta (10).

Sogro morreu em setembro de 2024, e outras três pessoas em dezembro. No caso mais recente, grandes concentrações de arsênio foram encontradas em um bolo consumido por cinco familiares. As vítimas fatais eram irmãs e sobrinha da sogra da suspeita: Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. Zeli dos Anjos, 61, sogra de Deise, também foi hospitalizada, mas recebeu alta, assim como uma criança de 10 anos.

Divergências familiares antigas teriam motivado o envenenamento, ainda segundo os investigadores. "Esta é uma investigação difícil pelo fato de a família ter, segundo os depoimentos coletados, uma convivência muito harmoniosa, (...) mas com divergências causadas basicamente por uma única pessoa", afirmou o delegado do caso em coletiva de imprensa na última segunda (6), em referência à Deise.

Brigas teriam ocorrido há cerca de 20 anos e "eram muito pequenas", seguiu delegado. Segundo Veloso, as informações foram obtidas por meio de relatos de familiares das vítimas coletados pelos investigadores.

Suspeita teve "postura fria, com respostas sempre na ponta da língua", em conversas com investigadores. Ainda segundo o delegado Veloso, Deise tem demonstrado estar "muito tranquila" e, por vezes, "esboça sorrisos" nos depoimentos que prestou enquanto investigada nas últimas semanas.

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