'Divertida e positiva': mais sobre o acordo entre Omnicom e Interpublic
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A principal notícia de 2024 no mercado publicitário global veio justamente no último mês do ano. No começo dessa semana, o grupo Omnicom, dono das redes de agências BBDO, DDB e TBWA, anunciou a aquisição do grupo Interpublic (IPG), proprietário de marcas como McCann, FCB e MullenLowe.
Na prática, é o segundo maior grupo do mundo comprando o quarto colocado do ranking. Assim, a união formará o maior grupo de publicidade e serviços de marketing do mundo. Os grupos tiveram receita combinada de US$ 25,6 bilhões em 2023.
Sujeito à aprovação dos órgãos reguladores norte-americanos, a nova holding terá receita líquida de mais de US$ 20 bilhões e mais de 100 mil funcionários. As duas partes afirmam que o acordo deve ser fechado no segundo semestre de 2025.
Por aqui, os grupos estão presentes em mais de 20 empresas e agências brasileiras de publicidade, comunicação e de relações públicas. Veja a lista:
Omnicom: Africa Creative, AlmapBBDO, CDN, DM9, EnergyBBDO, Fuse, Global Shopper, iD\TBWA, InPress Porter Novelli, Interbrand, Ketchum, Lew'Lara\TBWA e Outpromo.
Interpublic: Aldeiah, FCB Brasil, FutureBrand, IPG Health, IPG Mediabrands Brasil, MRM, Octagon, R/GA, Weber Shandwick e WMcCann.
'Otimização' e 'sinergia': palavras-chave do futuro
O comunicado oficial da união afirma que a transação deve gerar 'US$ 750 milhões em sinergias de custos anuais' e que isso será 'incremental aos lucros dos acionistas'. Ou seja: há uma enorme expectativa em relação à otimização de custos de back office, tecnologia, espaços físicos e, claro, cargos e pessoas.
Em um comunicado interno, Philippe Krakowsky, até então executivo-chefe do Interpublic, afirmou que 'não haverá mudanças imediatas no dia a dia das operações' e pediu foco nos resultados durante o período.
De qualquer forma, é evidente que existirão união de marcas e, com isso, demissões. Muitas agências, principalmente nos Estados Unidos, reuniram suas equipes para falar da negociação - mas, por enquanto, sem muitos esclarecimentos além dos comunicados oficiais.
Não que tenha a ver com a negociação, mas o Interpublic planeja demitir cerca de 100 funcionários da Mediabrands no dia 2 de janeiro (nos Estados Unidos, há uma regra que obriga que empresas com mais de 100 funcionários notifiquem demissões em massa). Segundo o AdAge, as demissões foram resultado de uma perda recente de um cliente.
A maior de todas: agora vai?
Segundo o The Drum, o 'sucesso da aquisição dependerá do gerenciamento de questões internas', incluindo conflitos de interesse (e de clientes) dentro do grupo.
O negócio atual é um dos maiores da história da publicidade. Mas não é novidade. Em julho de 2013, o próprio Omnicom anunciou uma fusão com o grupo Publicis, num acordo de cerca de US$ 35 bilhões.
Tais 'questões internas', porém, colapsaram a operação. Em maio de 2014, as empresas decidiram dar fim à negociação, depois que fusão se transformou em uma disputa de poder, culturas corporativas e diferentes filosofias de gestão.
À época, Maurice Levy, presidente executivo do Publicis Groupe, afirmou que houve 'um desvio no modelo de negócios' e que 'a decisão de descontinuar o processo não foi agradável nem fácil, mas necessária'.
Na prática, os grupos afirmaram que o 'ritmo lento do progresso' do acordo criaram um 'nível de incerteza prejudicial' aos interesses dos grupos, funcionários, clientes e acionistas.
'Divertido e positivo', com um toque de sarcasmo
Dessa vez, o grupo Publicis ficou de fora da negociação. Entretanto, Arthur Sadoun, CEO da companhia francesa, divulgou um vídeo aos seus colaboradores afirmando que o acordo deve ser 'muito divertido' e 'positivo' para a indústria.
No vídeo, Sadoun lembra (por experiência própria) que a extensa integração das duas empresas pode ser uma 'distração' em um mercado tão complexo.
'Mais do que nunca, devemos nos concentrar em nossos clientes, pois eles estão contando com nossa parceria para impulsionar o crescimento e superar seus setores', afirmou Sadoun.
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