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Sírios comemoram queda do regime, mas temem o futuro

Louai Beshara / AFP
Imagem: Louai Beshara / AFP
do UOL

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09/12/2024 10h11

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Os sírios iniciam a semana com esperança, medo e incerteza no dia seguinte à queda do presidente Bashar al-Assad, após 24 anos de governo, pelo menos 13 dos quais à frente de um regime acusado pela ONU de "crimes de guerra, contra a humanidade e outros delitos internacionais, incluindo o genocídio".

Nesta segunda-feira, alguns grupos de manifestantes se reuniram para comemorar a deposição de Assad, e famílias procuravam por parentes na prisão de Sadnaya, descrita pela Anistia Internacional como um "matadouro humano".

Em entrevista à BBC, no entanto, Suhair Zakkout, uma funcionária da Cruz Vermelha Internacional em Damasco, disse que a maioria das ruas está deserta. "As pessoas estão vivendo com medo".

Rebelde modera discurso

Ahmed Al-Sharaa, líder do grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), abandonou seu nome de guerra, Abu Mohammed al-Jawlani. A iniciativa é vista como mais um gesto de distanciamento de seu passado de violência e ligação com a Al Qaeda.

"Ele sabe que, para obter apoio e aceitação internacional ao novo governo da Síria, precisa conter os elementos mais radicais do grupo", diz o analista de segurança internacional da BBC, Frank Gardner.

O governo britânico afirmou hoje que vai reavaliar a classificação do HTS como um "grupo terrorista".

Paradeiro de Assad

O ex-ditador sírio Bashar al-Assad e sua família estão na Rússia e receberam asilo político, segundo a agência de notícias do país, Interfax, que cita autoridades cujos nomes não foram revelados. O governo, porém, não confirma a informação.

O porta-voz de Putin, Dimitri Peskov, se limitou a dizer que uma eventual concessão de refúgio é prerrogativa exclusiva do presidente. A embaixada síria em Moscou hasteou a versão da oposição para a bandeira, com três estrelas vermelhas no lugar das duas estrelas verdes usadas pela dinastia Assad.

Conselho da ONU discute crise na Síria

O Conselho de Segurança da ONU se reúne hoje em caráter de emergência a portas fechadas para discutir a crise na Síria, a pedido da Rússia - principal aliada de Assad. O conselho classifica o grupo Hayat Tahrir al-Sham como "terrorista".

Apesar da queda do regime, ainda há confrontos e interferência de potências estrangeiras em vários pontos da Síria. Ontem, os Estados Unidos bombardearam o que disseram ser 75 alvos do Estado Islâmico dentro do território sírio.

Tropas de Israel invadiram a região de fronteira da Síria com as Colinas de Golã, também área síria, sob ocupação israelense. A força aérea israelense ainda atacou bases do Exército sírio perto de Damasco, com a justificativa de evitar que as armas caíssem nas mãos de grupos "extremistas".

Notre-Dame - Ludovic Marin/AFP - Ludovic Marin/AFP
Catedral de Notre-Dame, em Paris, reabre ao público pela primeira vez após ter sido destruída por um incêndio em 2019
Imagem: Ludovic Marin/AFP

Crise na Coreia

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi proibido nesta segunda-feira de deixar o país, segundo Oh Dong-woon, chefe do Escritório de Investigação de Corrupção para Oficiais de Alto Escalão do Ministério da Justiça.

No sábado, Yoon Suk Yeol sobreviveu a uma votação de impeachment graças à abstenção de deputados de seu partido. A oposição, porém, disse que reapresentará o pedido de impeachment para votação no próximo fim de semana.

O presidente também sofre pressão da opinião pública e até dentro de seu partido para renunciar, após a tentativa fracassada de impor a lei marcial, proibir reuniões políticas e censurar a imprensa na semana passada.

Emergência climática

É praticamente certo que 2024 será o ano mais quente da história e o primeiro a superar o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, segundo o observatório europeu Copernicus. A previsão anterior era que esse marco só ocorreria por volta de 2030 a 2050. A superação agora "não significa que o Acordo de Paris tenha sido rompido, mas significa que ações climáticas ambiciosas são mais urgentes do que nunca", disse Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus. Em entrevista recente ao UOL, o físico e pesquisador Paulo Artaxo, um dos principais especialistas brasileiros no clima, disse que o problema é "que os compromissos das reduções de emissões dos países não estão sendo cumpridos".

Trump ameaça a Ucrânia

Donald Trump afirmou no fim de semana que a ajuda à Ucrânia "provavelmente" será diminuída em seu governo. O presidente eleito dos EUA também disse, após conversa com Zelensky, que o líder ucraniano está disposto a negociar o fim do conflito com a Rússia. "Zelensky e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e acabar com essa insanidade."

Em resposta, Zelensky afirmou que qualquer proposta de cessar-fogo precisa "garantir a confiabilidade da paz". Na última sexta-feira, Joe Biden anunciou mais um pacote de US$ 1 bilhão em ajuda militar à Ucrânia - provavelmente o último antes da entrega do governo a Trump.

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