CAC atirador de Pinheiros se recusa a assinar saída de empresa há meses
O CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) Marcelo Berlinck Mariano Costa, 31, preso na noite de sexta (6) após atirar a esmo da cobertura de um prédio em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, se recusa, desde fevereiro, a formalizar sua retirada do quadro societário de uma empresa de investimentos.
O UOL revelou ontem que Costa deveria ter deixado o apartamento de onde realizou os disparos em setembro. Uma decisão judicial determinou o despejo porque ele não paga desde junho o aluguel e o condomínio, que totalizavam R$ 6.600.
Formado em Administração pela ESPM, Costa foi sócio da Wise Assessores de Investimentos S/S Ltda., empresa que presta serviço de investimentos em aplicações financeiras.
A Wise afirmou, em nota, que, desde fevereiro, Costa foi desvinculado da empresa, mas "tem ignorado reiteradas tentativas de contato para formalizar sua retirada do quadro societário".
A empresa explicou que, embora Costa conste formalmente no quadro societário, "cabe esclarecer que essa vinculação ocorre por exigências regulatórias específicas do mercado financeiro, e ele não atua como sócio fático".
A Wise incluiu Costa em seu contrato social mediante uma alteração societária em 1º de novembro de 2022, atribuindo a ele uma quota no valor de R$ 10. A empresa diz estar adotando medidas legais para concluir a exclusão formal de Costa do quadro societário.
Anteriormente, Costa também foi sócio-administrador em duas empresas: a 2JM Empreendimentos e Participações Ltda, que prestava serviço de compra e aluguel de imóveis, e a AGR Group, que vendia matérias-primas agrícolas e animais vivos.
Despejo não realizado
Costa firmou contrato de aluguel em um imóvel na rua Joaquim Antunes, em Pinheiros, no início de abril. O valor, incluindo aluguel e condomínio, girava em torno de R$ 6.600 por mês. Desde junho, porém, deixou de pagar — o que fez com que os proprietários entrassem na Justiça em agosto.
Na decisão de despejo, a Justiça determinou que ele poderia sair do imóvel, de espontânea vontade, em até 15 dias, o que não aconteceu. Pelo inconveniente, os donos do imóvel pediram à Justiça que o CAC pague R$ 60 mil.
O que aconteceu
Agentes da Rota ordenaram que o atirador saísse com as mãos para cima. Abordagem ocorreu após os policiais identificarem o imóvel onde estava Costa.
O CAC não atendeu à ordem dos policiais e atirou em direção à porta do imóvel. Os tiros atingiram as portas de outros dois vizinhos. Ninguém se feriu.
O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foi acionado e usou granadas para arrombar a porta do imóvel onde estava o atirador. Ele então acabou sendo detido com o auxílio de um cão policial.
Após a captura, ficou com escoriações no braço esquerdo e precisou ser levado a um hospital. Ele permanece internado sob escolta policial. Após vistoria no imóvel, os agentes encontraram substância aparentando ser cocaína. O material será periciado.
Policiais encontraram um arsenal no imóvel, que incluía um fuzil, duas carabinas, granada e mais de 350 munições de diferentes calibres. Os agentes ainda apreenderam no local carregadores de fuzil, coletes à prova de balas e outras armas.
O atirador foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, disparo de arma de fogo e porte ou posse ilegal de arma de uso restrito. O UOL não localizou a defesa dele. Assim que houver um posicionamento, ele será incluído nesta reportagem.