"Temos uma ótima relação", diz Donald Trump em encontro com Macron antes da reabertura da Notre-Dame
Depois de cinco anos de espera e um projeto colossal de restauração financiado por doadores internacionais, a catedral Notre-Dame de Paris, obra-prima da arte gótica devastada por um incêndio em 2019, reabre as suas portas neste sábado (7). Os convidados chegaram de diversos países. O renascimento do monumento francês provoca também uma sequência de encontros diplomáticos em Paris, quando a capital francesa irá acolher várias dezenas de líderes mundiais. Donald Trump saudou a "boa relação entre a França e os Estados Unidos".
A reabertura da Notre-Dame deverá permitir ao presidente Emmanuel Macron deixar de lado a crise política causada pela queda do governo de Michel Barnier. Esta tudo pronto para a recepção aos convidados, entre doadores, autoridades e personalidades que são esperadas a partir das 18h20 no horário local (14h20 em Brasília), quando começa a recepção aos chefes de Estado e de governo, pelo presidente da República e sua esposa, Brigitte Macron, na praça em frente à Catedral.
Cerca de quarenta chefes de Estado e de governo são aguardados nas festividades no coração da Île de la Cité, como o herdeiro do trono inglês, o príncipe William ou o presidente italiano, Sergio Mattarella. O desfile de governantes e convidados ilustres começou esta tarde, no Palácio do Eliseu, sede da presidência, antes da reabertura da Catedral.
Depois de ter pousado esta manhã no aeroporto de Orly (sul de Paris), em seu primeiro deslocamento como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi recebido esta tarde pela Guarda Republicana para um encontrou com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Ao receber Trump no Palácio do Eliseu, Macron lembrou que o republicano era presidente na época, "quando o fogo atingiu a catedral". "Eu me lembro", disse Macron, agradecendo pela imediata "solidariedade"."É uma grande honra para o povo francês recebê-lo cinco anos depois. Bem-vindo, estamos felizes de tê-lo aqui", disse Macron.
Trump respondeu com amabilidade. "Temos uma ótima relação como todos sabem, alcançamos muito trabalhando juntos, o povo francês é espetacular, nós os respeitamos, os amamos", declarou o presidente eleito dos Estados Unidos. "É muito bom estar aqui, alcançamos grandes sucessos e o mundo tem estado 'louco' nos últimos anos, e falaremos sobre isso", completou Trump.
Macron e Trump devem discutir a situação no Oriente Médio, onde o frágil cessar-fogo em vigor no Líbano desde 27 de novembro preocupa a comunidade internacional, diante da continuação da ofensiva israelense em Gaza e a ofensiva rebelde na Síria.
Momentos antes de sua chegada ao palácio presidencial francês, Donald Trump declarou na sua plataforma Truth Social que os Estados Unidos não deveriam "se intrometer" na situação na Síria, no contexto em que grupos rebeldes começaram a cercar a capital Damasco. "A Síria está uma bagunça, mas não é nossa amiga, e os Estados Unidos não deveriam se envolver nisso. Esta não é nossa guerra. Deixemos (a situação) evoluir. Não vamos nos envolver, não!", escreveu o futuro presidente americano.
Trump veio a Paris acompanhado por Steve Witkoff, seu enviado especial para o Oriente Médio e pelo seu conselheiro para o Oriente Médio, Massad Boulos, segundo as autoridades francesas.
Depois do encontro bilateral com Donald Trump, Macron recebeu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que chegou ao palácio do Eliseu às 17h37 (13h37 em Brasília). Os três líderes se encontraram na sequência.
Esquema de segurança reforçado
Em razão do grande número de autoridades, o esquema de segurança é reforçado na capital francesa, comparado ao dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024, quatro meses depois do evento esportivo. Seis mil policiais trabalham na segurança das cerimônias de inauguração, durante todo o fim de semana. O plano envolve o fechamento à circulação de diversas áreas do centro de Paris, como a Île de Cité, onde fica a catedral medieval, e onde esta noite acontecerá a primeira missa com público em cinco anos.
Todas as pessoas presentes tiveram seus pedidos de credenciamento investigados pelas autoridades francesas, prática que se estendeu a convidados, trabalhadores, fornecedores, público, agentes e moradores. A circulação motorizada está proibida no entorno do monumento e comerciantes tiveram de fechar as portas a partir das 15 horas locais e ficarão fechadas durante todo o fim de semana em um perímetro localizado no entorno da Catedral de Notre-Dame. Um público de 40 mil espectadores é esperado no quais do rio Sena. Os shows previstos para acontecer em frente à igreja foram cancelados por causa da previsão de chuva e de vento.
Em pouco tempo, dentro da catedral, entre 2 mil e 3 mil pessoas ocuparão seus assentos, incluindo os 35 chefes de Estado e de governo estrangeiros confirmados, segundo a presidência francesa. O presidente americano, Joe Biden, estará ausente, mas será representado pela sua esposa, Jill Biden. Outros ausentes notáveis serão o Papa Francisco e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Estão previstos um discurso de Macron, que lançou o "desafio insano" de uma restauração completa cinco anos após o incêndio, um serviço religioso e a leitura de uma mensagem do Papa.
(Com RFI e AFP)