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TJSP diz que pacote de corte de gastos do governo Lula ameaça 'direitos consagrados'

Fachada do prédio do Palácio da Justiça de São Paulo, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo - Eduardo Knapp / Arquivo Folhapress
Fachada do prédio do Palácio da Justiça de São Paulo, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo Imagem: Eduardo Knapp / Arquivo Folhapress

São Paulo

06/12/2024 07h07

O pacote de corte de gastos enviado pelo governo ao Congresso gerou uma reação em cadeia no Judiciário, atingindo agora o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) —a maior Corte estadual do País, com 358 desembargadores, 2 mil juízes e quase 50 mil servidores.

Em nota divulgada nesta quinta, 5, o TJ fala em "retrocesso" e afirma que as medidas comprometem "direitos consagrados da magistratura nacional e ameaça a estabilidade institucional".

O TJ prevê que, caso a proposta seja aprovada, haverá um "êxodo de magistrados" em tribunais de todo o Brasil, com "impactos negativos aos cofres públicos". Como consequência, a Corte estima que, só em São Paulo, a proposta poderia causar um custo de R$ 250 milhões ao ano para reposição de cargos vagos que "fatalmente virão" em razão de aposentadorias em série.

"A saída massiva de magistrados aumentará o congestionamento de processos, com enormes prejuízos à prestação de serviços à sociedade e inevitável abalo da confiança no sistema de Justiça", diz a nota do tribunal paulista, presidido pelo desembargador Fernando Torres Garcia.

Penduricalhos

A reação tem relação com o fato de o pacote prever mudanças no teto remuneratório, atingindo em cheio o pagamento de verbas indenizatórias a integrantes do Judiciário e do Ministério Público.

Como mostrou o Estadão, o foco da equipe econômica são os chamados "supersalários". No caso do Judiciário, o impacto se dá por meio da concessão de penduricalhos. Pela proposta do governo, benefícios como o auxílio-moradia e o bônus para quem trabalha em mais de uma comarca serão restritos a situações excepcionais.

Já a desembargadora Regina Ferrari, que preside o Tribunal de Justiça do Acre, afirmou que cerca de 40% dos magistrados no Estado contam com os requisitos necessários para a aposentadoria e podem, em razão do pacote PEC, "optar pela aposentadoria imediata, o que implicaria a necessidade de realização de novos concursos públicos para reposição de quadros, redundando em custos ainda mais elevados ao erário, o que contradiz o alegado objetivo fiscal da medida".

Antes do TJ de São Paulo, a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público já havia feito uma manifestação semelhante. O grupo reúne entidades como a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos, a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil, a Associação dos Magistrados Brasileiros e a Associação Nacional dos Procuradores da República.

Em nota divulgada na quarta-feira, o grupo disse que o pacote, ao tratar das "indenizações" previstas para o Judiciário, "viola os princípios constitucionais da separação de Poderes, da autonomia institucional e do pacto federativo, cláusulas pétreas da Constituição".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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