Foi um erro manter armado o PM Vinícius de Lima Britto, gravado matando um jovem negro com tiros nas costas em São Paulo, mesmo com o agente sendo investigado por outras mortes em sua carreira policial, disse o colunista Tales Faria no UOL News desta sexta (6).
A Justiça determinou a prisão de Vinícius, que foi levado para o presídio Romão Gomes ontem à noite. O Ministério Público disse que o soldado já havia cometido outras mortes em circunstâncias semelhantes - ele é investigado por outras três mortes em dez meses de atividade policial.
Há um erro original e devemos refletir sobre ele. Somente em dez meses esse policial é suspeito de três mortes. Em outros países, quando um policial é investigado por mortes, recolhe-se a arma do cidadão e ele é afastado das ruas. Acabando a investigação, ele recebe a arma de volta. É esse o tratamento que deve ser dado a um tipo como esse.
Ele não poderia estar armado. Ao deixar esse sujeito assim, ele arruma um bico em um mercadinho e bota a arma na cintura; passa um garoto correndo e ele, despreparado, pega e dá onze tiros. O erro original é deixar um policial, quando está sendo investigado por ter matado gente, continuar usando uma arma. Tales Faria, colunista do UOL
Para Tales, o governo do estado de São Paulo falhou ao permitir que um policial sem preparo psicológico adequado portasse uma arma.
Um sujeito como esse é um perigo para a sociedade. Ele puxa o revólver com a maior tranquilidade, dá onze tiros e sai andando tranquilamente. Claramente ele tem problemas psicológicos e por isso já havia sido reprovado nos testes antes. Tudo isso é culpa do Estado, que não deveria deixá-lo andar armado. Tales Faria, colunista do UOL
Tales: Problema do Tarcísio é Derrite, não só as câmeras
Além da polêmica em torno do uso das câmeras corporais nos uniformes dos policiais militares, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem em Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, um de seus maiores problemas, analisou Tales Faria.
Suspeito que a essa altura do campeonato Tarcísio tenha se convencido não só do problema das câmeras, mas que o grande problema dele é o Derrite. Ele não pode se livrar dele. Derrite foi o mentor dessa política das câmeras e sempre defendeu que não faz sentido usá-las. É um homem da política do 'bandido bom é bandido morto'.
O governador não pode se livrar do Derrite porque ele foi indicação pessoal de Jair Bolsonaro, o homem que fez de Tarcísio candidato ao governo de São Paulo e lhe entregou os votos do bolsonarismo. Tarcísio pode voltar atrás, dizer que acredita nas câmeras, mas terá sempre o Derrite. Tales Faria, colunista do UOL
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Josias: Prisão de PM é necessária e faz crer que Estado age para conter surto
A prisão do PM Vinícius de Lima Britto, gravado matando um jovem negro com tiros nas costas em São Paulo, revela uma tentativa do governo do estado de São Paulo em frear a escalada dos casos de violência policial, afirmou o colunista Josias de Souza.
[A prisão do PM] É uma resposta mesmo para aquele pedaço da sociedade que avaliza a violência policial como se isso fosse solução. Não é. Não há melhor remédio contra o crime do que a punição. Em circunstâncias normais, a sensação de impunidade é muito nefasta. Quando aqueles que defendem a aplicação contra o crime se sentem impunes, o cenário é de depravação completa.
É preciso deter essa depravação, muito presente nessa conjuntura de São Paulo. É muito impressionante essa avassaladora sequência de episódios que transformam a deterioração da força policial em um surto, em uma epidemia de violência que precisa ser contida.
Como se trata de uma investigação policial, o risco de o investigado atrapalhar a investigação é latente, assim como uma reação corporativa de proteção a esse suposto agente da lei. Há a necessidade de assegurar a tranquilidade social, como prevê o Código Penal. A prisão é absolutamente justificável, necessária e tenta fazer crer que o Estado age para interromper esse surto de violência inaceitável. Josias de Souza, colunista do UOL
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