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'Produtividade aumentou 32%', diz empresário que adotou escala 4x3

Fabrício Oliveira, CEO da Vockan - Vockan/Divulgação
Fabrício Oliveira, CEO da Vockan Imagem: Vockan/Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/11/2024 05h30

A empresa de tecnologia Vockan, sediada em São Paulo, adotou a escala de 4x3 em 2022. De lá para cá, a produtividade da equipe aumentou 32%, diz o CEO, Fabrício Oliveira. "O colaborador entende que tem um ganho e fica mais eficiente. Não é que sou um bom samaritano. Foi uma troca, uma conversa aberta", diz.

Como funciona o modelo

Equipe trabalha oito horas, quatro dias por semana. A carga horária total é de 32 horas semanais, sem redução de salário. A mudança foi implementada em novembro de 2022 como um projeto piloto, e oficialmente adotada na empresa em março de 2023.

Área de atendimento ao cliente faz escala para manter serviço cinco dias na semana. Oliveira diz que foi necessário adaptar o modelo para áreas que têm contato com o cliente, a fim de manter o atendimento todos os dias. Na área de atendimento, por exemplo, parte da equipe folga na sexta-feira e parte folga na segunda-feira.

Reuniões duram no máximo 30 minutos. Foi feito um mapeamento interno de cada área, que constatou perda de duas a três horas diárias por colaborador. Houve então uma readequação das atividades, para aumentar a eficiência. Uma das medidas foi a redução do tempo das reuniões.

Quais os resultados até agora?

Produtividade aumentou 32% e clientes elogiam. Quando o modelo foi implementado, a meta era conseguir manter o nível de produção com menos tempo, diz o CEO. O resultado foi melhor que o esperado: a produtividade aumentou 32% e os funcionários se tornaram mais colaborativos.

O engajamento aumentou drasticamente. 72% das pessoas na Vockan se consideram muito felizes e 28% se consideram felizes. Minha rotatividade é praticamente zero, e é muito comum receber ligações do cliente elogiando o trabalho. Um funcionário feliz, com a mente descansada, ele é muito mais cordial e acaba rendendo muito mais.
Fabrício Oliveira, CEO da Vockan

Desde a implementação, equipe cresceu cerca de 70%. Hoje a Vockan tem uma equipe de 132 pessoas. Quando começou no modelo de 4x3, eram cerca de 60 pessoas.

Faturamento é de R$ 35 milhões. O faturamento também cresceu, mas em escala menor, devido a uma reestruturação do negócio, diz o CEO. Foi de R$ 32 milhões para cerca de R$ 35 milhões no período. "Passamos um período de reestruturação do negócio e por isso o faturamento não cresceu tanto. Mas para os próximos anos estamos em processo de compra de outras empresas e a projeção é de um crescimento exponencial", diz.

Discussão sobre o tema é bem-vinda e envolve futuro do trabalho, diz empresário. "Toda discussão referente a esse assunto é bem-vinda. Independente de esquerda ou direita, é algo relacionado ao ser humano. Precisamos entender a melhor forma de trabalhar daqui para frente. O mundo está mudando, com máquinas, algoritmos, IA, a gente precisa repensar muita coisa", diz.

Teste do modelo no Brasil

Empresas testaram semana de quatro dias no Brasil. A Vockan foi uma das 21 empresas que testaram o modelo durante seis meses, em um projeto piloto feito em parceria entre a FGV-EAESP e a 4 Day Week Global, dentre outras entidades. O piloto já foi realizado em diversos países. Um novo teste no Brasil está previsto para o início de 2025.

Participantes relataram menos estresse e exaustão. Os dados do projeto piloto mostram que 72,8% dos trabalhadores participantes relataram uma redução na exaustão frequente, enquanto 71,3% relataram mais energia para família e amigos. No trabalho, 80,7% relataram melhoria na criatividade e inovação e 52,6% viram melhora na capacidade de cumprir prazos.

Lideranças relataram melhora na produtividade. Houve também percepção de melhor qualidade no trabalho e redução nas faltas, além de ganhos na retenção de talentos. Ao final do piloto, 46,2% das empresas participantes disseram que manteriam a semana de quatro dias, enquanto 38,5% optaram por estender o piloto.

"Sextou" foi um dos desafios. Um dos desafios encontrados foi a manutenção da produtividade às quintas-feiras, para as empresas que adotaram a folga na sexta-feira. Em alguns casos houve a sensação de que a perda de produtividade que usualmente ocorre na sexta-feira foi transferida para a quinta-feira.

Garantir cobertura durante toda a semana também foi desafiador. A dificuldade apareceu principalmente em setores que requerem cobertura contínua, como atendimento ao cliente. "As empresas precisaram implementar escalas de trabalho diferenciadas e por vezes contratações adicionais. É difícil, contudo, identificar até que ponto as contratações ocorrem por aumento de demanda, notado por diferentes empresas, ou redução da jornada", diz o relatório do estudo.

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