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À espera de anistia, Bolsonaro defende 'pacificação' após explosões no DF

do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/11/2024 10h16Atualizada em 14/11/2024 12h52

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a "pacificação nacional" após as explosões de bombas na noite desta quarta-feira (13) na praça dos Três Poderes, em Brasília.

O que aconteceu

Bolsonaro disse que episódio "é um acontecimento que nos deve levar à reflexão". O ex-presidente fez uma publicação nas redes sociais na manhã desta quinta-feira (14) para comentar o caso. "Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força", escreveu o ex-mandatário.

As instituições têm um papel fundamental na construção desse diálogo e desse ambiente de união. Por isso, apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional. Quem vai ganhar com isso não será um ou outro partido, líder ou facção política. Vai ser o Brasil. Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República

Bolsonaro negocia anistia a envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro. O ex-presidente afirmou que seu partido, o PL, negocia uma aliança com o centrão para apoiar Davi Alcolumbre (União-AP) na Presidência do Senado. Em troca o partido ficaria com a vice-presidência da Casa para, na ausência de Alcolumbre, pautar a anistia aos condenados bolsonaristas envolvidos na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro deu a declaração em entrevista ao site Metrópoles.

Nós podemos, numa ausência do David, caso ele se sinta, vamos supor, incomodado [em pautar a anistia], numa ausência dele, o nosso vice bota em pauta a anistia. Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República

PF investiga caso como ato terrorista

mapa brasilia - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Inquérito foi aberto ainda na noite de ontem. Segundo nota da PF divulgada cerca de duas horas após as explosões, um inquérito policial seria instaurado para apurar os ataques.

PM diz que o local onde autor de explosões se abrigava era "ambiente confinado". Segundo o major Raphael Broocke, da PM do DF, policiais entraram no local e fazem uma varredura mais cuidadosa do que os trabalhos na praça dos Três Poderes. "Ali o cuidado é muito maior porque envolve outras residências. É um ambiente confinado. Então os policiais estão tendo um cuidado redobrado, muito maior do que o cuidado que se teve aqui", afirmou Broocke.

Casa onde foi realizada busca faz parte de conjunto de quatro kitnets. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o imóvel era alugado pelo homem que detonou as bombas e essas buscas na residência foram feitas por volta das 22h desta quarta-feira (13) pela polícia. Os relatos de policiais são de que o local tinha muita bagunça e vários objetos espalhados.

Cinto com explosivos no autor foi identificado por robô e removido por policial com traje antibomba. O major Broocke disse que as bombas não foram retiradas pelo robô em razão de uma "limitação operacional" do equipamento da PM. Por isso, um policial precisou se aproximar para fazer o corte dos fios que conectavam o cinto aos explosivos. "Foi uma operação muito delicada justamente para evitar que ocorressem novas explosões", afirmou o porta-voz da PM.

PM também monitora locais onde autor das bombas passou para verificar se há mais explosivos. "Está sendo feito monitoramento dos locais que ele passou para as equipes conseguirem se aproximar ao máximo das possibilidades de ele ter colocado bomba em outras regiões, mas tudo em investigação ainda", acrescentou Broocke.

Corpo em frente ao STF foi recolhido às 9h05, quase 14 horas depois da explosão, e liberado para o IML. A perícia no local terminou na manhã desta quinta-feira (14). Francisco Wanderley Luiz se aproximou da entrada do STF por volta das 19h30 de ontem e ativou os explosivos que tinha no corpo. Segundo o relato de um segurança da Suprema Corte, o homem circulou pelo local com "atitude suspeita" e deitou no chão para esperar as bombas explodirem. Um carro também explodiu no estacionamento da Câmara.

Praça dos Três Poderes está com segurança reforçada na manhã desta quinta-feira (14). Na Esplanada dos Ministérios, policiais instalaram grades para proteger os prédios e viaturas estão estacionadas nas ruas com agentes fazendo a vigia dos arredores. No Palácio do Planalto, o Exército está de plantão na entrada para fazer a proteção do local. As Forças Armadas foram acionadas pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Entenda o caso

As explosões ocorreram por volta das 19h30 de quarta-feira (13). Uma varredura será feita nos prédios da Câmara e do STF nesta quinta-feira — as atividades devem ser retomadas a partir das 12h. O Senado Federal suspendeu os trabalhos.

Luiz teria circulado pelo anexo 4 da Câmara durante o dia, segundo informação dada aos deputados pelo chefe de segurança da Casa. O local abriga a maioria dos gabinetes dos parlamentares. A entrada no prédio é liberada para qualquer pessoa. Os visitantes precisam passar por um detector de metal, mas não há revistas.

A Câmara estava em votação no momento da explosão no estacionamento. Os deputados discutiam a PEC que amplia a imunidade tributária das igrejas. Com a notícia das explosões, parlamentares reclamaram da continuidade da sessão apesar da "banalização da violência e dos ataques de 8 de Janeiro", em referência aos atos ocorridos também na praça dos Três Poderes.

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) suspendeu a sessão às 21h14 após a confirmação da morte. O deputado manteve os trabalhos até o horário com o argumento de que estava "aguardando o chefe da Segurança da Câmara dos Deputados".

O STF divulgou uma nota dizendo que "ministros foram retirados do prédio em segurança". A Corte afirmou que "dois fortes estrondos foram ouvidos". A sessão do Supremo era sobre operações policiais nas favelas do Rio. A sessão contou com autoridades e representantes da sociedade civil. Por isso, o plenário estava mais cheio do que o normal — na hora das explosões, muitos ainda estavam no prédio.

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