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OPINIÃO

Tales: Cooperação de PCC e polícia funciona como máfia e deve ser apurada

do UOL

Colaboração para o UOL

11/11/2024 11h00

O assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto a tiros no aeroporto de Guarulhos na tarde da última sexta (8), sugere uma relação nebulosa entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e a polícia que precisa ser investigada, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta segunda (11).

Vinícius, delator do PCC, havia contratado quatro policiais militares para cuidar de sua segurança pessoal. Os agentes foram afastados e tanto a Polícia Civil como a Corregedoria da Polícia Militar investigam a conduta deles.

Tales citou uma entrevista concedida por Vinícius ao jornalista Roberto Cabrini, da RecordTV, em fevereiro. Nela, o delator do PCC afirmou que "pseudoempresários tinham interesse" na morte dele e falou sobre corrupção dentro da polícia.

Ele [Vinícius] também era um bandido, que tinha seguranças pagos por ele e que são policiais da ativa. É muito estranho policiais servirem a um bandido.

Outra coisa curiosa é que ele prestou um acréscimo à delação premiada dele há cerca de 15 dias. Não teve tempo de assiná-la, mas ela provavelmente foi gravada. Esta assinatura seria para ele aceitar os termos da delação para benefício dele. Existindo a gravação, ela pode servir como prova.

Esta entrevista para o [Roberto] Cabrini aponta para algo muito interessante, quando ele diz que 'infelizmente um departamento sério da polícia deixou-se corromper'. É obrigação da polícia do estado de São Paulo dizer que departamento é esse e apurar qual nível de corrupção estava nesse setor.

Ele pode ter sido morto pelo PCC, mas tudo indica que há uma cooperação grande entre a facção e a polícia. Isso é terrível para a coisa pública do país, não só de São Paulo. Essa cooperação tem que ser desvendada, porque isso tudo acaba funcionando como uma máfia. Tales Faria, colunista do UOL

Tales comparou o assassinato de Vinícius a ações da máfia e de facções criminosas de outros países. As falhas de atuação dos agentes de segurança pública no aeroporto de Guarulhos chamaram a atenção do colunista, que reforçou a necessidade de uma investigação sobre esta conduta.

Esse caso de um ataque durante o dia em um aeroporto internacional é típico de máfias, como a da Itália, do México e da Colômbia, que estão instauradas na coisa pública e dominam o país. Ele apontará uma revolução. Até então, era tudo no nível mais baixo; quando chega no mais alto, todas as forças do status quo se movimentam.

Esse aeroporto tem partes de segurança federal, estadual e municipal. A segurança municipal estava ali, com um ônibus e um guarda municipal dentro; os outros haviam saído. A polícia estadual, que tinha homens prestando serviço para esse cidadão, também é encarregada pela segurança em volta do aeroporto. Como essas pessoas entraram e chegaram armadas com fuzis? Isso é muito estranho.

Tem que se apurar todo o envolvimento dessa coisa pública com este assassinato. Tudo indica que tem muito a ver e já estava na delação desse cidadão que morreu. Tales Faria, colunista do UOL

Josias: PCC não se incomoda com Estado, mas com quem ousa desafiá-lo

O assassinato a tiros do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach revela que o PCC não se importa com a resposta do Estado, mas está disposto a tudo para tirar do seu caminho aqueles que o atrapalham, disse o colunista Josias de Souza.

Há duas evidências neste caso. A primeira é a de que o PCC não se incomoda com o Estado brasileiro. Considera-se um grupo acima da lei e que opera impunemente. Tanto que executam um desafeto à luz do dia, ferindo outras pessoas e causando tumulto no maior aeroporto do país.

O PCC está sob investigação em São Paulo. Detectou-se a presença dele em contratos com o serviço público, com câmaras de vereadores em municípios paulistas e no serviço de transporte público na Prefeitura da capital. No município mais rico do país, está lá o PCC lavando dinheiro em empresas de ônibus.

De alguma maneira, o PCC está sendo incomodado. Ele executa um dos seus delatores, como a informar a quem esteja com disposição de colaborar com a polícia, que alguém que se contrapõe aos interesses empresariais do grupo morre.

Esse empresário estava com a disposição de entregar tudo o que conhecia às autoridades. Era um bandido e participava do esquema de lavagem de dinheiro. Foi pilhado no contrapé e se dispôs a delatar para obter uma redução de pena. Aí vai o PCC, passa o personagem nas armas para sinalizar a outros eventuais delatores o que acontece com quem ousa desafiar os interesses econômicos do grupo. Josias de Souza, colunista do UOL

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