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Poder absoluto de Donald Trump nos EUA preocupa a imprensa francesa

11/11/2024 08h30

A imprensa francesa continua a repercutir o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Em análises extensas, os jornais Le Figaro e Les Echos avaliam o que o republicano pode fazer nos planos interno e externo. Uma conclusão é compartilhada por todos os analistas entrevistados: o republicano terá um poder sem precedentes em seu segundo mandato, a partir de 20 de janeiro.

A imprensa francesa continua a repercutir o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Em análises extensas, os jornais Le Figaro e Les Echos avaliam o que o republicano pode fazer nos planos interno e externo. Uma conclusão é compartilhada por todos os analistas entrevistados: o republicano terá um poder sem precedentes em seu segundo mandato, a partir de 20 de janeiro.

Donald Trump terá um controle inédito sobre os poderes moderadores da democracia nos Estados Unidos, diz o Le Figaro. Com a conquista da maioria republicana no Senado, provavelmente na Câmara dos Representantes e o apoio dos juízes conservadores na Suprema Corte, a independência do Congresso e do Judiciário está totalmente comprometida nos EUA.

"Trump mostrou que o impeachment, a arma absoluta que a Constituição dá ao poder legislativo, foi ineficaz", observa o jornal francês. O judiciário também foi subjugado e ele poderá fazer nomeações de juízes leais nos estados, acrescenta o Le Figaro

"A Constituição, pilar e estrutura da democracia americana, revelou-se como é: um pedaço de papel, cujo valor só existe de acordo com a interpretação que dele fazemos. Mas Trump também mostrou que as suas regras podem ser distorcidas e interpretadas como ele desejar, como a Corte Suprema demonstrou ao lhe conceder imunidade presidencial quase total", ressalta o Le Figaro. "A demissão de funcionários de alto escalão nas administrações, identificados como opositores ou demasiado independentes, deverá dominar o segundo mandato."

"O quarto poder, o dos meios de comunicação, nunca previsto na Constituição americana, mas que foi capaz de derrubar ou dificultar a ação de um presidente, tanto na época do escândalo de Watergate sob Nixon ou sob Reagan, também foi derrotado pelo trumpismo. A etapa final, a tomada total do poder executivo e, portanto, da máquina administrativa federal, apenas começou", enfatiza o diário. 

'O presidente eleito dos Estados Unidos seria um agente do Kremlin?'

A pergunta provocativa está na home do site do jornal Les Echos. Baseado na avaliação de especialistas, o diário afirma que Trump é considerado "um ativo" informal no jargão dos serviços de inteligência anglo-saxônicos, um "contato confidencial", na linguagem utilizada na Rússia.

Segundo o francês Régis Genté, autor do livro "Notre homme à Washington" ("Nosso homem em Washington", edições Grasset), há 40 anos Trump é observado e "bajulado" pelos serviços secretos russos.

Está provado que o dinheiro russo, geralmente de oligarcas, ou mesmo de mafiosos próximos do Kremlin, o salvou durante algumas das sete falências que marcaram a carreira do bilionário, incluindo a do seu cassino Taj Mahal, em 2009, afirma o autor do livro nas páginas do Les Echos. "Embora nenhum banco americano quisesse assumir o 'risco Donald', dada a reputação de caloteiro do bilionário", aponta Genté.

O jornal pondera, entretanto, que a admiração que Donald Trump sente pelo presidente russo, Vladimir Putin, não o leva a trair os interesses americanos. "Ele compartilha com o líder do Kremlin uma certa concepção do mundo, um culto à força e um desprezo pelas sociedades liberais", sublinha a reportagem.

De acordo com o Les Echos, existem razões para não entrar em pânico, pois alguns especialistas acreditam que a personalidade impulsiva do republicano também fazem dele uma pessoa incontrolável para Moscou. 

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