PEC 6x1 deve ter assinaturas suficientes nesta semana, diz Erika Hilton
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que extingue a jornada de trabalho 6x1 já ultrapassou 100 assinaturas e deve ter as 171 necessárias para ser apresentada à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados ainda esta semana, afirmou a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) em entrevista ao UOL News desta segunda-feira (11).
A PEC reduz o limite da quantidade de horas semanais trabalhadas de 44 horas semanais para 36 horas.
O modelo de trabalho que nós temos hoje no Brasil é um modelo extremamente exploratório. O trabalhador não tem a oportunidade de estudar, de se aperfeiçoar, de se qualificar profissionalmente para mudar de carreira, por exemplo. É uma escala que só atende ao interesse do empresário e do empregador, sucateando, vulnerabilizando e precarizando a vida do trabalho em nosso país.
Nós propomos uma redução da jornada. Mas vocês sabem muito bem que uma PEC demanda um número de assinaturas específico e, a partir de atingida essas assinaturas, nós teremos um relator. Nós temos uma visão sobre qual modelo a ser implementado dentro do texto da PEC. Mas nós não estamos trabalhando com isso redondo, fechado, como se não pudesse haver espaço.
A PEC foi protocolada para que nós levantássemos o debate na sociedade. Nós esperamos atingir ainda esta semana as 171 assinaturas necessárias para que se possa ser indicado um relator e, a partir daí, conversar com as bancadas, os deputados, a classe trabalhadora, o empresariado para que a gente encontre o melhor formato para atender a demanda tanto de quem trabalha quanto de quem emprega.
Erika Hilton, deputada federal
Erika Hilton considera ser difícil para a direita se posicionar contra a extinção da escala 6x1. Mas diz que, mesmo assim, a PEC será de difícil aprovação. Nas redes sociais, a proposta tem ganhado destaque e ficou em primeiro lugar entre os assuntos mais discutidos na rede social X, antigo Twitter, no domingo (10). O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi criticado nas redes por não apoiar o fim da escala.
Vendo as movimentações que tem acontecido nos últimos dias, eu acho que vai ficar um pouco difícil para a direita não se comprometer com essa agenda. Até porque é a própria direita que brada aos quatro ventos defender a classe trabalhadora, a liberdade econômica e tem tentado cooptar um pouco esse debate sobre direitos trabalhistas e sobre a vida do trabalhador. E agora a gente tem um debate simples, que todo e qualquer trabalhador consegue entender a magnitude do impacto daquilo na sua vida e, por consequência, irá cobrar seu parlamentar.
Os trabalhadores mais precarizados dentro dessa escala de trabalho são os trabalhadores que frequentam as igrejas, onde temos uma grande presença desses políticos, que moram e estão nas periferias do nosso país. São a base dessa pirâmide social que é onde esse espectro da política busca o seu voto e tem disputado arduamente. Agora, nós temos uma pauta que unificou a maior parte do melhor país, que esclarece ao trabalhador, sem debate complexo, sem linguagem rebuscada, é sobre o seu trabalho.
Mas o termômetro nos mostra que vai ser muito difícil. Dessa gente, não duvido nada. Eles são capazes de tirar um coelho da cartola, inventar uma narrativa fictícia e tentar não se comprometer com essa agenda.
Erika Hilton, deputada federal
Josias: PCC não se incomoda com Estado, mas com quem ousa desafiá-lo
O assassinato a tiros do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, ocorrido na última sexta (8) no aeroporto de Guarulhos, revela que o PCC não se importa com a resposta do Estado, mas está disposto a tudo para tirar do seu caminho aqueles que o atrapalham, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (11).
Há duas evidências neste caso. A primeira é a de que o PCC não se incomoda com o Estado brasileiro. Considera-se um grupo acima da lei e que opera impunemente. Tanto que executam um desafeto à luz do dia, ferindo outras pessoas e causando tumulto no maior aeroporto do país.
De alguma maneira, o PCC está sendo incomodado. Ele executa um dos seus delatores, como a informar a quem esteja com disposição de colaborar com a polícia, que alguém que se contrapõe aos interesses empresariais do grupo morre.Josias de Souza, colunista do UOL
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Tales: Cooperação de PCC e polícia funciona como máfia e deve ser apurada
O assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach sugere uma relação nebulosa entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e a polícia e que precisa ser investigada, afirmou Tales Faria. O colunista citou uma entrevista concedida por Vinícius ao jornalista Roberto Cabrini, da RecordTV, em fevereiro. Nela, o delator do PCC afirmou que "pseudo empresários tinham interesse" na morte dele e falou sobre corrupção dentro da polícia.
Ele [Vinícius] também era um bandido, que tinha seguranças pagos por ele e que são policiais da ativa. É muito estranho policiais servirem a um bandido.
Outra coisa curiosa é que ele prestou um acréscimo à delação premiada dele há cerca de 15 dias. Não teve tempo de assiná-la, mas ela provavelmente foi gravada. Esta assinatura seria para ele aceitar os termos da delação para benefício dele. Existindo a gravação, ela pode servir como prova.
Esta entrevista para o [Roberto] Cabrini aponta para algo muito interessante, quando ele diz que 'infelizmente um departamento sério da polícia deixou-se corromper'. É obrigação da polícia do Estado de São Paulo dizer que departamento é esse e apurar qual nível de corrupção estava nesse setor.
Ele pode ter sido morto pelo PCC, mas tudo indica que há uma cooperação grande entre a facção e a polícia. Isso é terrível para a coisa pública do país, não só de São Paulo. Essa cooperação tem que ser desvendada, porque isso tudo acaba funcionando como uma máfia. Tales Faria, colunista do UOL
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