"Limpeza étnica" é o termo que descreve o que se passa no norte de Gaza, diz chefe da diplomacia europeia
As palavras "limpeza étnica" cada vez mais são usadas para se referir à situação no norte da Faixa de Gaza, cenário de uma ofensiva israelense, apontou nesta segunda-feira (11) o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. As tropas israelenses realizam desde 6 de outubro uma ofensiva aérea e terrestre no norte da Faixa de Gaza, com o objetivo - afirmam - de impedir que o Hamas se reagrupe.
"As palavras 'limpeza étnica' são utilizadas cada vez mais para descrever o que acontece no norte de Gaza", declarou Borrell na rede X. "Condeno firmemente os últimos bombardeios israelenses em Jabaliya, na Faixa de Gaza. A realidade cotidiana dos deslocamentos forçados viola o direito internacional", acrescentou.
A Defesa Civil palestina reportou no domingo (10) "pelo menos" 25 mortos, dos quais pelo menos 13 eram menores, em um bombardeio contra uma casa de Jabalyia, no norte do território palestino. Outro bombardeio israelense atingiu uma casa da Cidade de Gaza, também no norte, e deixou cinco mortos, segundo a mesma fonte.
"O uso da fome como arma de guerra também é contra a lei humanitária internacional", disse Borrell, que deixará o cargo em dezembro. No norte de Gaza, há uma "forte probabilidade de fome", alertou ele.
Apelo saudita
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, instou a comunidade internacional, nesta segunda-feira (11), a agir para cessar as ofensivas militares de Israel no Líbano e em Gaza, durante uma cúpula árabe-islâmica em Riad centrada na escalada bélica no Oriente Médio.
A Arábia Saudita recebe os líderes da Liga Árabe, organização composta por 22 países, e da Organização de Cooperação Islâmica, grupo que reúne mais de 50 Estados muçulmanos, que, segundo especialistas, buscam uma posição conjunta que possa influenciar na política dos Estados Unidos na região, antes do início de um segundo mandato presidencial de Donald Trump.
"Instamos à comunidade internacional que assuma suas responsabilidades (...) colocando fim imediato aos ataques israelenses contra nossos irmãos na Palestina e no Líbano", declarou o príncipe saudita.
O herdeiro ao trono acusou Israel de cometer um "genocídio" na Faixa de Gaza, assolada pela ofensiva israelense que já deixou mais de 43.600 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas no território palestino, considerados confiáveis pelas Nações Unidas.
Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem em Gaza, embora o Exército israelense tenha declarado 34 como mortas.
Ataque no Líbano
A mídia estatal libanesa informou que Israel atacou uma casa na região norte de Akkar, na segunda-feira, um dos ataques mais distantes da fronteira em sua guerra contra os militantes do Hezbollah.
Desde 23 de setembro, Israel intensificou sua campanha aérea, mirando principalmente os bastiões do Hezbollah no leste, sul e no sul de Beirute, raramente atingindo o norte do país.
"Um ataque inimigo atingiu uma casa na aldeia de Ain Yaacoub", a cerca de 150 quilômetros de Israel, disse a Agência Nacional de Notícias do Líbano.
O responsável local Rony al-Hage afirmou à AFP que "pessoas deslocadas moravam em uma casa de dois andares" e que esse foi o ataque israelense mais ao norte desde o início da guerra em grande escala. Após intensificar os ataques aéreos, Israel enviou tropas terrestres contra o Hezbollah no sul do Líbano em 30 de setembro.
"As operações de resgates e remoção dos escombros ainda estão em andamento", disse Hage.
Moradores de uma aldeia próxima ouviram uma explosão forte e sirenes de ambulâncias.
Uma página local no Facebook transmitiu um vídeo ao vivo que afirmava ser do local do ataque, mostrando uma casa completamente destruída, enquanto pessoas removiam os escombros com as mãos nuas, usando seus celulares como lanternas.
O ministério da Saúde do Líbano informou anteriormente que um ataque israelense na cidade de Saksakiyeh, no sul, matou pelo menos sete pessoas na segunda-feira.
Mais de 3.240 pessoas morreram no Líbano desde o início dos confrontos transfronteiriços no ano passado, de acordo com o ministério da Saúde do Líbano, mas a maioria das mortes ocorreu desde o final de setembro.
(com AFP)