As últimas críticas do presidente Lula (PT) ao mercado financeiro vêm de um incômodo com a proporção que as emendas parlamentares tomaram no orçamento do governo federal — e de como, para Lula, não existe cobrança para que o Legislativo ajuste suas contas em nome do arcabouço fiscal, analisou a colunista Raquel Landim no UOL News desta segunda-feira (11).
Em entrevista à RedeTV, Lula afirmou que vai "vencer o mercado outra vez" e criticou a "gana especulativa do mercado", que cobra ajustes "em cima do ombro das pessoas mais necessitadas": "Eu quero saber se também estão dispostos a abdicar daquilo que é excessivo, eu quero saber se o Congresso está disposto também a fazer o corte de gastos", declarou o presidente.
Landim apontou que um estudo dos economistas Marcos Mendes e Hélio Tollini demonstrou que o Congresso brasileiro é quem tem o maior controle do Orçamento em comparação aos países membros da OCDE, e que as críticas de Lula ocorrem neste sentido.
O presidente tem um ponto que vem incomodando muito ele, e nisso acho que ele está correto, que é o seguinte: você tem três grandes rubricas de gastos. Uma é a despesa engessada com saúde, educação, previdência, tudo que está indexado. Vem sendo feita essa cobrança de que é preciso desindexar isso para tudo caber dentro do arcabouço fiscal do ministro Fernando Haddad.
Você tem as emendas parlamentares, que tomaram uma proporção enorme. Economistas soltaram um estudo recente mostrando que o tamanho das emendas no Brasil hoje não tem paralelo entre os países da OCDE. Elas atingiram uma proporção enorme. E tem os subsídios que vão para o empresariado.
Existe um incômodo do presidente sobre o motivo de todas as cobranças do mercado e da sociedade estarem em cima da desindexação, e por que não se cobra que o Parlamento reduza o percentual de emendas. Tem que cobrar mesmo, as emendas atingiram um volume que perdeu toda a racionalidade.
Raquel Landim
A colunista aponta, no entanto, que Lula também não consegue se isentar totalmente da responsabilidade de manter um dos privilégios do orçamento: os subsídios aos empresários. Um exemplo foi o rol de produtos isentos de impostos para a cesta básica na reforma tributária, que incluiu a carne.
A questão do subsídio ao empresariado é algo que o presidente vem mencionando há algum tempo. Ele não implementou mudanças desde o início do mandato, e temos que considerar que nem o Congresso, nem o presidente seguram o lobby do empresariado. Quando veio a questão da cesta básica, quem autorizou incluir a carne na cesta básica - o que, na verdade, era um benefício que não atingia só os mais pobres, mas beneficiava principalmente os donos de frigoríficos - foi o próprio Lula.
Raquel Landim
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