Topo
Notícias

OPINIÃO

Josias: PCC não se incomoda com Estado, mas com quem ousa desafiá-lo

do UOL

Colaboração para o UOL

11/11/2024 11h39

O assassinato a tiros do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, ocorrido na última sexta (8) no aeroporto de Guarulhos, revela que o PCC não se importa com a resposta do Estado, mas está disposto a tudo para tirar do seu caminho aqueles que o atrapalham, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (11).

Vinícius era delator do PCC. O Ministério Público de São Paulo para o compartilhamento dos dados desses depoimentos do empresário com as autoridades policiais que investigam a morte dele.

Há duas evidências neste caso. A primeira é a de que o PCC não se incomoda com o Estado brasileiro. Considera-se um grupo acima da lei e que opera impunemente. Tanto que executam um desafeto à luz do dia, ferindo outras pessoas e causando tumulto no maior aeroporto do país.

O PCC está sob investigação em São Paulo. Detectou-se a presença dele em contratos com o serviço público, com câmaras de vereadores em municípios paulistas e no serviço de transporte público na Prefeitura da capital. No município mais rico do país, está lá o PCC lavando dinheiro em empresas de ônibus.

De alguma maneira, o PCC está sendo incomodado. Ele executa um dos seus delatores, como a informar a quem esteja com disposição de colaborar com a polícia, que alguém que se contrapõe aos interesses empresariais do grupo morre.

Esse empresário estava com a disposição de entregar tudo o que conhecia às autoridades. Era um bandido e participava do esquema de lavagem de dinheiro. Foi pilhado no contrapé e se dispôs a delatar para obter uma redução de pena. Aí vai o PCC, passa o personagem nas armas para sinalizar a outros eventuais delatores o que acontece com quem ousa desafiar os interesses econômicos do grupo. Josias de Souza, colunista do UOL

Josias criticou a falta de sintonia entre as diferentes esferas de governo para o combate ao crime organizado, que aproveita este vácuo para se infiltrar e se fortalecer pelo país.

Outra coisa que fica bastante nítida é a desconexão do Estado. [O aeroporto de] Guarulhos é um território federal dentro do mapa de São Paulo. O governo federal poderia, até em combinação com o [governador de São Paulo] Tarcísio de Freitas, federalizar esse caso. Mas não; abrem-se duas investigações.

Hoje, na Comissão de Constituição e Justiça [CCJ], está em discussão uma proposta para liberar os Estados para legislarem como bem entenderem sobre matéria penal e criminal, como se isso fosse resolver. O Estado está em outra esfera. O crime está organizado e o Estado, cada vez mais bagunçado. Josias de Souza, colunista do UOL

Tales: Cooperação de PCC e polícia funciona como máfia e deve ser apurada

O assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach sugere uma relação nebulosa entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e a polícia e que precisa ser investigada, afirmou Tales Faria. O colunista citou uma entrevista concedida por Vinícius ao jornalista Roberto Cabrini, da RecordTV, em fevereiro. Nela, o delator do PCC afirmou que "pseudo empresários tinham interesse" na morte dele e falou sobre corrupção dentro da polícia.

Ele [Vinícius] também era um bandido, que tinha seguranças pagos por ele e que são policiais da ativa. É muito estranho policiais servirem a um bandido.

Outra coisa curiosa é que ele prestou um acréscimo à delação premiada dele há cerca de 15 dias. Não teve tempo de assiná-la, mas ela provavelmente foi gravada. Esta assinatura seria para ele aceitar os termos da delação para benefício dele. Existindo a gravação, ela pode servir como prova.

Esta entrevista para o [Roberto] Cabrini aponta para algo muito interessante, quando ele diz que 'infelizmente um departamento sério da polícia deixou-se corromper'. É obrigação da polícia do Estado de São Paulo dizer que departamento é esse e apurar qual nível de corrupção estava nesse setor.

Ele pode ter sido morto pelo PCC, mas tudo indica que há uma cooperação grande entre a facção e a polícia. Isso é terrível para a coisa pública do país, não só de São Paulo. Essa cooperação tem que ser desvendada, porque isso tudo acaba funcionando como uma máfia. Tales Faria, colunista do UOL

Assista ao comentário na íntegra:

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Vivo TV (canal nº 613) Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.

Notícias