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Delegado nega transfobia e diz que cantora foi morta por facção criminosa

do UOL

Manuela Rached Pereira

Do UOL, em São Paulo

11/11/2024 17h28Atualizada em 11/11/2024 17h28

O delegado Braulio Junqueira, que acompanha o caso da morte de Santrosa mulher trans suplente de vereadora em Sinop (MT), no domingo (10), negou que a motivação do homicídio envolva transfobia e afirmou que a vítima foi executada por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho.

O que aconteceu

Santrosa, 27, foi encontrada decapitada com mãos e pés amarrados em uma região de mata de Sinop. Segundo Junqueira, delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Sinop, "A forma como executaram a vítima é uma marca desse grupo [CV] em resposta a pessoas que vendem drogas em desacordo com a ordem deles".

Vítima estaria vendendo drogas sintéticas sem autorização da facção e teve casa revirada pelos criminosos antes de ser morta, segundo investigações. "Foram antes na casa dela achar as drogas que estava vendendo", afirmou o delegado, com base em informações obtidas por "informantes" e uma testemunha próxima de Santrosa ouvida no caso.

A forma como executaram a vítima é uma marca do Comando Vermelho para quem vende drogas em desacordo com a ordem deles. O nome que é utilizado para isso na região é "cabritagem". Com isso, decapitaram a vítima para mostrar aos outros o que acontece com quem desobedece a ordens deles.
Braulio Junqueira, delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Sinop

Cantora foi dada como desaparecida um dia antes de ser encontrada morta. Segundo informado pela Polícia Civil, ela foi vista pela última vez na manhã de sábado (9), "quando saiu de casa por volta das 11 horas e tinha um show marcado para a noite, mas não compareceu".

Nenhum suspeito do crime foi identificado até agora e familiares de Santrosa ainda não foram ouvidos, de acordo com delegado. As investigações seguem em andamento na Polícia Civil.

Polícia descarta "totalmente" motivação do crime por transfobia, segundo Junqueira. "Sempre que morre uma pessoa transexual tem essa suposição, mas não existe isso. Aliás, eu acho que ninguém morre por esse motivo", afirmou o delegado ao UOL.

Brasil foi classificado pelo 15º ano consecutivo como o país que mais mata pessoas trans no mundo. Segundo levantamento da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), só em 2023, 145 assassinatos de pessoas trans foram mapeados pela organização.

Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso disse que acionou o Grupo Estadual de Combates aos Crimes de Homofobia do estado. Em nota publicada no Instagram, a organização afirma que cobrará das autoridades a apuração do crime para que os culpados sejam identificados.

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