Colonos israelenses extremistas são alvos de novas sanções da França e da UE
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, disse nesta segunda-feira (11) que novas sanções podem ser adotadas "em breve" contra colonos israelenses extremistas na Cisjordânia ocupada.
"Tomamos sanções em nível nacional contra colonos violentos e adotamos outras em nível europeu", disse Jean-Noël Barrot, que participava de um painel sobre o Oriente Médio no Fórum da Paz de Paris, nesta segunda. Segundo o chanceler francês, "este regime de sanções já foi acionado duas vezes e pode ser ativado em breve pela terceira vez".
A França denunciou em vários ocasiões a violência dos colonos israelenses extremistas contra palestinos na Cisjordânia.
"Estamos muito comprometidos com a segurança de Israel, mas sem ofender o povo de Israel, ou o povo judeu em geral é do interesse de Israel, de sua segurança, que o direito internacional seja respeitado e que a justiça seja feita", frisou.
O ministro francês já havia anunciado que o país preparava um terceiro pacote de sanções contra essas atividades "consideradas ilegais pelo direito internacional", durante uma visita a Ramallah, na quinta-feira (7).
Segundo Jean-Noël Barrot, o governo francês estava preparando um pacote de sanções que pudesse ser adotado em nível europeu, contra indivíduos ou entidades, atores ou cúmplices de atividades de colonização", declarou após um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Em fevereiro, a França anunciou a adoção de "sanções" contra 28 "colonos israelenses extremistas" culpados, segundo Paris, de "violência contra civis palestinos na Cisjordânia".
Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro e a operação militar israelense lançada na Faixa de Gaza, a situação na Cisjordânia tornou-se ainda mais tensa e a violência tem aumentado nos territórios ocupados por Israel desde 1967.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários registrou em seu último relatório mais de 300 incidentes relacionados a colonos de 1º de outubro a 4 de novembro na Cisjordânia. Cerca de 490.000 colonos vivem na região ao lado de três milhões de palestinos.
Para Israel, Estado palestino não é "realista"
Estabelecer um Estado palestino não é "hoje" um projeto "realista", disse o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, nesta segunda-feira (11), durante uma coletiva de imprensa em Jerusalém.
"Em uma palavra? Não", respondeu Sa'ar, quando questionado sobre a perspectiva de retomada dos chamados Acordos de Abraão com a eleição de Trump e a possibilidade de normalizar as relações entre Israel e Arábia Saudita, em troca da criação de um Estado palestino.
Esses acordos, promovidos por Trump durante seu primeiro mandato, permitiram a normalização entre Israel e vários países árabes, como Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Marrocos.
"Um Estado palestino (...) será um estado do Hamas", acrescentou Sa'ar. "Não acho que essa posição seja realista hoje, e temos que ser realistas."
O ministro israelense fez as declarações durante a abertura de uma cúpula extraordinária de membros da Liga Árabe, uma organização que reune 22 países, e da Organização de Cooperação Islâmica (OIC), uma organização islâmica de mais de 50 estados muçulmanos, aberta na segunda-feira em Riad.
De acordo com a agência de notícias oficial saudita SPA, os participantes discutirão "a agressão israelense nos territórios palestinos e no Líbano", enquanto Riad defende uma nova "aliança internacional" destinada a encorajar o estabelecimento de um Estado palestino independente e soberano.
Falando à imprensa, Sa'ar referiu-se ao processo de paz de Oslo, que começou na década de 1990. Este processo e a retirada unilateral israelense da Faixa de Gaza em 2005 "não apenas (...) não trouxeram a paz, mas, como vimos, degradaram nossa segurança", disse o ministro.
O Hamas assumiu o poder em Gaza em 2007, após a retirada israelense, e "não queremos que isso aconteça na Judéia e Samaria" (o nome que os israelenses dão à Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967), acrescentou.
Em sua primeira coletiva de imprensa desde que assumiu o cargo há alguns dias, Sa'ar disse que era "importante" lembrar que, ao contrário da ONU, Israel não considera "Judéia e Samaria" "como territórios ocupados, mas como territórios disputados". Várias centenas de milhares de colonos judeus vivem na região entre 3 milhões de palestinos.
Avanços negociações cessar-fogo Libano
Israel disse na segunda-feira que as negociações sobre um cessar-fogo no Líbano estavam progredindo, mas a milícia xiita libanesa apoiada pelo Irã disse que ainda não recebeu uma proposta de trégua.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, o principal desafio seria fazer cumprir qualquer acordo de cessar-fogo.
"Acho que há algum progresso", disse Gideon Sa'ar em uma coletiva de imprensa em Jerusalém. "Estamos trabalhando com os americanos nesta questão", acrescentou.
"Estaremos prontos para participar se soubermos, em primeiro lugar, que o Hezbollah não está em nossa fronteira, que está ao norte do rio Litani e que não será capaz de se armar novamente."
Israel deu início a uma grande ofensiva contra o Hezbollah no Líbano desde o final de setembro, bombardeando seus redutos nos subúrbios do sul de Beirute, sul do Líbano e Vale do Bekaa.
O rio Litani passa pelo sul do Líbano, a cerca de 30 km ao norte da fronteira israelense-libanesa. Em Beirute, um funcionário do Hezbollah disse que havia uma intensificação dos esforços diplomáticos, mas que nem a milícia nem o Estado libanês receberam novas propostas.
"Há um grande movimento entre Washington, Moscou, Teerã e várias capitais", disse Mohammad Afif em uma coletiva de imprensa. "Ainda estamos apresentando ideias iniciais e discussões proativas, mas até agora não há nada de concreto", acrescentou.
Yedioth Ahronoth, o jornal mais vendido de Israel, informou na segunda-feira que Israel e Líbano trocaram propostas por meio do enviado dos EUA, Amos Hochstein.
Com informações da AFP