'Relação especial' EUA-Reino Unido será testada com o retorno de Trump
Embora o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, tenha sido um dos primeiros líderes estrangeiros a parabenizar Donald Trump, o retorno do republicano à Casa Branca preocupa o Reino Unido, que mantém uma histórica "relação especial" com os Estados Unidos.
Os planos protecionistas de Donald Trump, o conflito da Ucrânia ou as declarações pouco lisonjeiras feitas no passado contra o ex-presidente americano por alguns ministros trabalhistas britânicos podem criar atritos entre os aliados.
"Sei que a relação especial entre Estados Unidos e Reino Unido continuará prosperando", afirmou Keir Starmer na quarta-feira, pouco depois do discurso de vitória de Trump.
O líder trabalhista telefonou para Trump na noite de quarta-feira e declarou à imprensa nesta quinta-feira (7), em uma cúpula europeia em Budapeste, que sua ligação foi "muito positiva, muito construtiva".
Mas para Bronwen Maddox, diretora-executiva da organização não governamental britânica Chatham House, será uma "relação complicada".
Com base em seu lema "Estados Unidos em primeiro lugar", o presidente americano "não fará nenhuma concessão em matéria comercial e, provavelmente, haverá diferenças de opinião sobre a Ucrânia, sobre como reforçar a segurança da Europa e, talvez, sobre o Oriente Médio", explica Maddox.
Na questão da Ucrânia, o Reino Unido é um aliado de Kiev e forneceu uma importante ajuda militar e financeira.
Trump criticou a magnitude da ajuda americana a Kiev e prometeu impor a paz na Ucrânia "em 24 horas".
Não há dúvida de que o governo britânico está "preocupado", considera Richard Whitman, professor de Relações Internacionais da Universidade de Kent.
"A maioria dos grandes parâmetros da política externa britânica é definida com base nas principais preocupações americanas", explica.
- "Período difícil" -
Se o governo trabalhista fez do fortalecimento do crescimento econômico uma de suas prioridades, o programa protecionista de Trump, que prometeu tarifas alfandegárias de até 20% sobre todas as importações (e de até 60% para produtos chineses), poderia alterar seus planos.
O Reino Unido, que tem nos Estados Unidos seu maior parceiro comercial, também pode ficar no meio de uma guerra sobre esta questão entre Trump e a União Europeia.
A ministra britânica das Finanças, Rachel Reeves, lembrou na quarta-feira que as relações econômicas entre os dois países são "cruciais".
A proximidade histórica dos trabalhistas britânicos com o Partido Democrata americano também poderia afetar as relações bilaterais.
Donald Trump acusou o Partido Trabalhista de interferência na campanha para favorecer a democrata Kamala Harris depois que alguns membros da legenda participaram da campanha da candidata. As acusações foram minimizadas por Keir Starmer.
O porta-voz do primeiro-ministro trabalhista afirmou na quarta-feira que Starmer espera trabalhar de maneira próxima com o presidente eleito dos Estados Unidos.
Ele também confirmou a confiança do chefe de Governo em seu ministro das Relações Exteriores, David Lammy, que no passado chamou Trump de "sociopata que simpatiza com os neonazistas" e de "tirano com peruca".
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