Tensos e divididos, americanos votam 'pelo futuro da nação'
Nos sete estados-chave das eleições presidenciais nos Estados Unidos, os eleitores se mostraram, nesta terça-feira (5), muito nervosos pelo futuro do país e totalmente divididos entre dois candidatos com visões de mundo opostas.
A natureza solene do processo contrastava com uma campanha marcada por duas tentativas de assassinato contra o candidato republicano Donald Trump e a entrada tardia na corrida eleitoral de sua adversária democrata Kamala Harris.
"Esta eleição é fundamental para o futuro da nossa democracia", disse Sam Ruark, um ecologista de 50 anos na região montanhosa da Carolina do Norte, um dos sete estados considerados estratégicos, que definirão a eleição.
Na Geórgia, outro estado-chave, a miss Ludwidg Louizaire, de 27 anos, afirmou estar ciente do que está em jogo para o país nestas eleições.
"Acho que todos estamos de acordo que, aconteça o que acontecer hoje, a história será feita", declarou a vencedora do concurso Miss Geórgia deste ano.
Milhões de pessoas fizeram fila pacientemente, algumas vezes demonstrando suas preferências em bonés e camisetas, ou simplesmente levando bandeiras americanas.
"Eu estava pensando no futuro desta nação e, francamente, do mundo livre", contou à AFP Brockett Within, um nova-iorquino de 65 anos, em um centro de votação de East Village, em Manhattan.
- 'Uma abordagem dura' -
Em todo o país, os eleitores compartilharam com a AFP as questões que influenciaram suas decisões, frequentemente refletindo os principais temas da campanha, de imigração e direito ao aborto até a economia.
"Não precisamos de mais quatro anos de inflação alta e mentiras", disse à AFP Darlene Taylor, de 56 anos, em Erie, um condado da Pensilvânia, o maior e mais importante dos estados-pêndulos.
Vestida com uma camiseta feita em casa com os nomes de Trump e de seu companheiro de chapa, J.D. Vance, ela declarou que seu principal desejo era "fechar a fronteira" para os imigrantes.
"Estados Unidos em primeiro lugar, e [Kamala] Harris não vai apoiar isso", acrescentou Taylor, que afirmou viver de subsídios por invalidez.
Durante a campanha, o candidato republicano usou o slogan "Trump vai consertar" para prometer que solucionaria sozinho os problemas do país, dentro e fora de suas fronteiras.
"Sei que ele [Trump] tem uma abordagem dura, mas acredito que essa abordagem dura ajuda o mundo a saber que ele diz o que pensa, e acho isso muito importante", disse à AFP Candyce Sandusky, professora de 66 da Pensilvânia.
Whytne Stevens, um urbanista de 28 anos de Atlanta, a grande cidade da Geórgia, espera "melhoras em relação à inflação e ao emprego", embora também tenha se declarado "preocupado com questões mais existenciais sobre o futuro do país".
As ameaças de Trump de se vingar de seus adversários políticos e a afirmação, feita recentemente, de que nunca deveria ter deixado a Casa Branca mesmo após perder as eleições em 2020 preocupam muitos eleitores sobre as liberdades fundamentais.
"Para mim, o mais importante é a continuidade da nossa democracia", disse à AFP Ken Thompson, um pedreiro de 66 anos, na escola de ensino fundamental Edison, em Erie, Pensilvânia. "Não quero um autocrata."
- Uma mulher na Casa Branca -
Outros eleitores se sentiram atraídos pelo estilo mais otimista e agregador da democrata Kamala Harris e o simbolismo de eleger a primeira mulher presidente - também negra e de ascendência sul-asiática.
"Obviamente, há muito em jogo para as pessoas e, especialmente, ter a primeira mulher presidente seria realmente genial", disse Marcy Davis, de 18 anos, que votou pela primeira vez em Bristol, Wisconsin.
Espera-se que o eleitorado feminino seja crucial para a democrata, a quem as pesquisas atribuem uma vantagem entre as mulheres, ajudada por uma oposição sólida às restrições ao aborto, promulgadas pelos republicanos.
Em 2022, os juízes da Suprema Corte americana designados por Trump ajudaram a revogar em nível federal o direito ao aborto, um tema que Kamala se comprometeu a abordar se for eleita.
Liz Orlova, uma jovem de 22 anos de Nova York, afirmou que o direito ao aborto estava "em primeiro plano" em sua mente enquanto votava em East Village.
"É muito confuso que em todo o país estejam tirando das pessoas esse direito em particular", acrescentou.
"Realmente quero que tenhamos acesso a abortos legais e seguros em nosso estado e em todo o país, portanto esse foi um dos principais temas pelos quais votei hoje", afirmou Stephani González, organizadora comunitária de 25 anos no Arizona.
Espera-se que a participação seja crucial na votação desta terça, com longas filas demonstrando que muitos americanos atenderam aos apelos de candidatos, ativistas e celebridades para irem votar.
"Tem muito, muito mais gente aqui do que nas últimas eleições", disse à AFP Marchelle Beason, de 46 anos, em Erie, depois de colocar um adesivo de "Eu votei".
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