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Trump à frente de Harris em noite eleitoral com nervos à flor da pele

05/11/2024 08h53

Donald Trump venceu na madrugada desta quarta-feira (6) em três estados-chave na corrida pela Casa Branca, abrindo uma vantagem considerável, embora nada esteja definido em sua disputa com Kamala Harris.

Embora nenhum dos candidatos possa reivindicar a vitória, a sorte parece sorrir para os republicanos, que também retomaram o controle do Senado dos democratas, alterando o equilíbrio de poder em uma Câmara essencial para a aprovação de reformas. 

A Fox News, o canal favorito dos conservadores, declarou o ex-presidente republicano, de 78 anos, o vencedor. Por enquanto, é o único veículo da mídia americana a fazê-lo.

Carolina do Norte, Geórgia e Pensilvânia foram os primeiros dos sete estados-pêndulos a anunciar seus resultados, e o candidato republicano venceu nos três. São esses estados que decidirão quem será o próximo ocupante da Casa Branca: a vice-presidente democrata, de 60 anos, ou o ex-presidente, de 78.

Na eleição mais acirrada da história contemporânea dos EUA, todas as atenções agora se voltam para Michigan, Wisconsin, Arizona e Nevada.

Os republicanos estão de bom humor. "Positivo", respondeu Jason Miller, um dos assessores mais próximos do ex-presidente, quando questionado pela AFP sobre o clima entre os aliados de Trump.

Nenhum lado pode declarar vitória ainda. Nem está garantido que os resultados serão conhecidos nesta noite.

Não houve surpresas no restante dos estados, que costumam se dividir entre democratas e republicanos tradicionais.

Entre outros, Trump acumulou vitórias nos redutos republicanos da Flórida e do Texas, enquanto Kamala venceu em Nova York, Califórnia e na capital, Washington.

Para ser presidente nos Estados Unidos, não basta ter mais votos que o oponente. É preciso alcançar o número mágico de 270 votos no Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados que, teoricamente, devem respeitar a vontade popular.

- "Muralha Azul" -

A chefe de campanha de Kamala Harris, Jen O'Malley Dillon, reconheceu que o "caminho mais claro" para atingir os 270 votos passa por Wisconsin, Pensilvânia e Michigan, o chamado "Muralha Azul".

Os americanos vivem essa noite com ansiedade, enquanto o mundo observa, atento às repercussões na guerra na Ucrânia, nos conflitos no Oriente Médio e nas questões sobre aquecimento global, que Trump considera uma falácia.

Também está em jogo o controle do Congresso, com a renovação dos 435 assentos da Câmara dos Representantes e de 34 das 100 cadeiras no Senado, além de várias disputas para governador.

Os republicanos conseguiram duas novas cadeiras no Senado, o que garante a maioria do partido na Câmara Alta, essencial para a aprovação de reformas.

Alguns estados também realizam referendos sobre o polêmico tema do direito ao aborto. Na Flórida, uma consulta para suspender as restrições à interrupção da gravidez foi rejeitada.

- "O dia mais importante" -

Os apoiadores de Kamala e de Trump estão com os nervos à flor da pele.

"Esta eleição é muito tensa e pode ser o dia mais importante na história de nosso país, porque pode ser o dia em que nosso país vai acabar, ou o dia em que nosso país vai começar a prosperar por mais 100 anos", opinou Will Staten, de 18 anos, presente no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, na Flórida, onde espera-se que Trump discurse.

Na Universidade Howard de Washington, tradicionalmente frequentada por estudantes negros, milhares de pessoas se reuniram para escutar Kamala, mas a campanha da candidata informou que ela não se pronunciará esta noite.

A alegria inicial dos apoiadores da democrata rapidamente virou preocupação.

"Agora estou com medo, estou ansiosa. Nem consigo mexer as pernas", disse Charlyn Anderson.

Qualquer que seja o vencedor, o resultado será histórico. Trump conquistaria um segundo mandato não consecutivo de um presidente desde 1893, e Kamala, negra e de ascendência sul-asiática, se tornaria a primeira mulher no cargo mais importante da nação.

Ela teve apenas três meses para tentar convencer o eleitorado. Entrou na campanha depois que o presidente Joe Biden desistiu de disputar a reeleição em julho e a apoiou como sua sucessora.

Com um programa eleitoral vago, mas centrista para tentar convencer os republicanos moderados, ela propõe ações firmes contra a imigração ilegal, avanços para a classe média e a defesa do direito ao aborto.

Comício após comício, o republicano, que sofreu duas tentativas de assassinato durante a campanha, repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema, próximo do povo e crítico ferrenho da elite de Washington.

O discurso é o mesmo de sempre: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, "envenenam o sangue" do país.

Trump já chamou os migrantes de "terroristas", "estupradores", "selvagens" e "animais" que saíram de "prisões e manicômios".

Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano, de 78 anos, pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela retórica violenta.

Trump insultou a candidata democrata, 60 anos, a quem chamou de "lunática radical da esquerda", "incompetente", "idiota" e pessoa com um "coeficiente intelectual baixo", entre outras ofensas. Ela respondeu chamando o adversário de "fascista".

Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma "ilha flutuante de lixo"eu por uma gafe do presidente Joe Biden que, em resposta, disse que "lixo" eram os eleitores do republicano.

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© Agence France-Presse

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