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Milhares de pessoas lembram os 45 anos da tomada de reféns na embaixada dos EUA no Irã

03/11/2024 13h25

Milhares de pessoas se reuniram, neste domingo (3), na capital do Irã, em frente ao edifício onde ficava a embaixada dos Estados Unidos, no 45º aniversário da crise dos reféns que marcou o rompimento das relações entre Washington e Teerã. 

Os manifestantes agitaram bandeiras iranianas e palestinas e emblemas do grupo xiita libanês Hezbollah, movimento político apoiado por Teerã que também é composto por uma milícia armada. 

"Morte a Israel, morte aos Estados Unidos", gritavam os manifestantes em frente à antiga sede diplomática que hoje é um museu cercado por muros estampados com frases críticas aos americanos. 

Os participantes desta marcha, que acontece todos os anos no Irã, também queimaram bandeiras israelenses e americanas. 

Em 4 de novembro de 1979, nove meses após a queda do xá Mohamed Reza Pahlavi, estudantes que apoiavam a Revolução Islâmica invadiram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã. 

Os estudantes mantiveram reféns 52 funcionários da sede diplomática durante 444 dias para exigir que Washington extraditasse o xá deposto, um forte aliado do Ocidente durante seu governo e que tratava um câncer nos Estados Unidos. 

Devido à crise, os Estados Unidos cortaram oficialmente as relações com o Irã em 1980, que estão congeladas desde então, e impuseram duras sanções a Teerã. 

- "Rumo ao colapso e à destruição" -

Este aniversário é relembrado em um momento de tensão no Oriente Médio, alimentado pela guerra em Gaza após o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

Israel - principal aliado dos Estados Unidos na região e inimigo declarado do Irã - intensificou, em setembro, a escalada com uma guerra aberta contra o movimento libanês Hezbollah, aliado do grupo palestino, no Líbano.

As tensões entre o Irã e Israel também se intensificaram nos últimos meses.

Teerã lançou um ataque com mísseis contra o território israelense em 1º de outubro, em represália pelo assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em setembro em um bombardeio israelense, e pela morte de Ismail Haniyeh, chefe do Hamas, no fim de julho em uma operação atribuída a Israel.

Israel respondeu com bombardeios contra instalações militares no Irã em 26 de outubro.

Neste domingo, alguns manifestantes exibiam fotos do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, e de figuras da "resistência" contra Israel, como Nasrallah.

O general Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã, fez críticas a Israel e aos Estados Unidos diante da multidão reunida em Teerã.

Os israelenses e os americanos "não podem sobreviver massacrando os muçulmanos. Sempre os advertimos que se não mudarem seu comportamento, irão rumo ao colapso e à destruição", declarou em um discurso transmitido pela televisão.

- Relações complicadas -

"Estou aqui para a destruição de Israel e dos Estados Unidos", afirmou à AFP um manifestante, que se identificou apenas como Hassani, de 42 anos, funcionário do governo.

Os Estados Unidos são "a raiz de todas estas guerras e deste ódio" na região, opinou, em sintonia com a retórica oficial.

A dois dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o candidato republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris investem toda a energia na reta final da campanha, acompanhada de perto pelo Irã.

No entanto, a maioria dos iranianos presentes no ato em Teerã não tem ilusões sobre o resultado.

"As relações entre o Irã e os Estados Unidos não podem voltar à normalidade", assegurou Mohammadi, uma dona-de-casa de 40 anos.

A República Islâmica assinou, em 2015, um acordo com a comunidade internacional para limitar seu programa nuclear. O pacto, do qual os Estados Unidos também participaram, previa em troca a suspensão progressiva das sanções ao Irã.

No entanto, o acordo foi torpedeado três anos depois, quando o então presidente americano Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo e voltou a impor as sanções contra o país.

"Não importa quem será o próximo presidente dos Estados Unidos (...) Nunca gostamos de nenhum e [isso não vai mudar] agora", assegurou uma manifestante.

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© Agence France-Presse

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