Kamala Harris diz que Trump representa 'caos e divisão' e promete defender interesses do país
A uma semana das eleições americanas, a candidata democrata Kamala Harris fez um comício em Washington marcando a reta final da campanha. De acordo com a equipe de Harris, cerca de 75 mil pessoas compareceram ao ato, realizado no mesmo local onde Donald Trump se dirigiu aos seus apoiadores antes da insurreição ao Capitólio em 2021. O discurso de Harris trouxe uma mensagem otimista e esperançosa, focado em virar a página das divisões propagadas por Trump.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Washington
O evento democrata atraiu uma multidão entusiasmada, com muitos espectadores acompanhando o discurso da vice-presidente em telões instalados nas proximidades do obelisco de Washington. O clima era de otimismo, apesar das pesquisas apontarem Harris e Trump praticamente empatados em estados-chave da disputa.
A escolha do local, próximo ao National Mall, é emblemática, considerando que ali também ocorreu o famoso discurso "I Have a Dream" de Martin Luther King Jr., em 1963. Kamala Harris enfatizou que o objetivo dessa escolha era ressaltar a diferença entre ela e o adversário republicano.
Com a Casa Branca como pano de fundo, Harris disse aos eleitores que é chegada a hora de "virar a página" da era do ex-presidente Donald Trump. Em uma tentativa de persuadir os eleitores indecisos, além daqueles republicanos que não apoiam Trump, ela se comprometeu a colocar o país acima de partidos.
Harris criticou o ex-presidente, a quem culpou pela atual divisão do país."É alguém que foi instável, obcecado por vingança, consumido por ressentimentos e em busca de poder sem limites. Donald Trump passou uma década tentando manter o povo americano dividido e com medo uns dos outros," afirmou.
Ela lembrou o público da capital americana, e também os milhares de espectadores que acompanhavam o discurso pelas redes sociais da candidata, do tratamento dado por Trump a seus adversários políticos, ao descrevê-los como "inimigo interno" e prometendo que irá persegui-los judicialmente.
"Sabemos quem é Donald Trump", disse Harris. "Ele é a pessoa que esteve neste mesmo local há quase quatro anos e enviou uma multidão armada ao Capitólio dos Estados Unidos para anular a vontade do povo em uma eleição livre e justa, uma eleição que ele sabia ter perdido", destacou, apontando Trump como uma ameaça à democracia.
Críticas a Trump e ausência de comentários sobre Gaza
Harris enfatizou que Trump representava "mais caos, mais divisão e políticas que favorecem apenas os que estão no topo, prejudicando todos os demais", em contraste com a sua própria visão para o país. Em seguida, a candidata pediu o voto dos eleitores em apoio a essa nova direção.
Ela também expressou seu compromisso em buscar "um terreno comum e soluções de bom senso para melhorar a vida de todos", afirmando que seu objetivo não era acumular pontos políticos, mas sim alcançar progresso concreto para a população.
Por fim, Harris apelou à união, dizendo que era hora de parar de apontar dedos e começar a trabalhar juntos, deixando para trás o drama, o conflito, o medo e a divisão. Ela defendeu que o país precisa de uma nova geração na liderança.
Por outro lado, a vice-presidente fez apenas uma breve menção à imigração, quando criticou duramente Trump por explorar a política do medo em relação à imigração, apresentando o tema como um desafio que precisa ser resolvido.
A democrata não mencionou a campanha militar de Israel em Gaza, mesmo que do lado de fora do comício, várias pessoas estivessem protestando contra a guerra.
Estratégias para os estados decisivos
Os cronogramas de viagem dos candidatos estão focados nos estados que devem decidir a corrida eleitoral. Atualmente, Harris e Trump disputam voto a voto em sete estados, aqueles chamados de pêndulo, sem tendência clara entre democratas e republicanos. São eles: Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, Arizona, Geórgia, Nevada e Carolina do Norte. Politicamente, nem todos esses estados têm a mesma importância. Harris passou o domingo na Pensilvânia, que é visto como aquele onde a disputa poderá ser decidida.
Após o discurso de Washington, a candidata planeja visitar a Carolina do Norte, voltar à Pensilvânia e passar em Wisconsin nesta quarta-feira. Depois, ela deve seguir para Nevada e Arizona.
Já a agenda de Trump inclui pelo menos um comício por dia. Na segunda-feira ele esteve na Geórgia, na terça-feira (29) realizou um comício na Pensilvânia e, nesta quarta, estará em Wisconsin, assim como a adversária democrata. Para quinta e sexta estão agendadas visitas à Nevada e um retorno em Wisconsin, fechando a semana na Virgínia, onde Trump desembarca no próximo sábado.