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Em nova disputa com Pequim, UE decide aumentar impostos de veículos elétricos chineses

30/10/2024 11h54

Os fabricantes chineses de veículos elétricos foram surpreendidos com o anúncio do aumento das taxas de exportação para a União Europeia (UE). Bruxelas decidiu acrescentar ao imposto de 10% já em vigor, uma sobretaxa de até 35%. A decisão foi adotada pela Comissão Europeia na terça-feira (29) e irritou os chineses, que prometeram encaminhar o assunto para a OMC.

Pierre Benazet, correspondente da RFI em Bruxelas

Os negociadores europeus tentaram de tudo para chegar a um acordo com Pequim. O objetivo era resolver o problema que tanto incomoda os europeus, os subsídios pagos aos fabricantes chineses. Em três anos, a cota de mercado dos veículos elétricos produzidos na China aumentou de 4 para 25%.

A União Europeia adotou instrumentos de proteção para não ver os seus fabricantes mais uma vez sobrecarregados pela concorrência, como no caso dos painéis solares. Agora, Bruxelas pretende defender a indústria automotiva europeia e seus cerca de 14 milhões de empregos contra práticas consideradas injustas, identificadas durante uma longa investigação da Comissão. Apesar disso, ambas as partes concordaram em continuar as consultas. A qualquer momento, as sobretaxas podem ser retiradas se for alcançado um acordo sobre outros meios para compensar os danos identificados pela investigação europeia.

Os subsídios já foram analisados e a UE já implementou medidas temporárias: desde julho, as alfândegas cobram, antecipadamente, taxas que se tornarão definitivas a partir desta quinta-feira, 31 de outubro.

Os impostos adicionais aos 10% já existentes chegarão a 7,8% para os carros Tesla, fabricados em Xangai, 17% para os da marca BYD, 18,8% para os Geely e 35,3% para os SAIC, de acordo com um documento transmitido aos países membros em 27 de setembro. Dos grupos que cooperam na investigação europeia serão cobrados impostos adicionais menores, de 20,7%, contra 35,3% para aqueles que não cooperaram.

"A China não aprova e nem aceita esta decisão. O país entrou com uma ação no mecanismo de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC)", disse um porta-voz do Ministério do Comércio chinês em comunicado nesta quarta-feira. "A China continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas", sublinhou, denunciando a "abordagem protecionista" da UE.

Oposição da Alemanha

As novas tarifas receberam o apoio de dez Estados-membros, incluindo França, Itália e Polônia. Outros doze se abstiveram, incluindo Espanha e Suécia.

A Alemanha e quatro outros países - Hungria, Malta, Eslováquia e Eslovênia - votaram contra os impostos propostos pela Comissão. Mas Berlim não conseguiu reunir uma maioria para se opor a esta sobretaxa. Os fabricantes alemães estão muito preocupados com sua cota de mercado. A BMW e a Dacia, por exemplo, temem impactos na importação de peças de reposição. Já outros setores, como as indústrias de laticínios e a indústria suína temem as medidas de retaliação já tomadas pela China.

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